"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Benjamin Netanyahu aparece ao lado de Marco Rubio a repetir a lengalenga de Donald Trump, se o Hamas não entregar os reféns Gaza vai ser o inferno na terra. Porque até agora tem sido o céu.
[Imagem "Palestinians gather near a fire surrounded by the rubble of destroyed buildings at Jabalia refugee camp, northern Gaza Strip". Mahmoud Issa/ Reuters.
Corria o ano de 135 e Adriano, para pôr fim às revoltas e constante instabilidade na região, depois de ter perdido uma legião, desloca para a Judeia a VI legião, a de Ferro, a XII legião, a Fulminante, e o general Lucio Severo, com um grupo de especialistas em guerrilha urbana vindos da Bretanha. Foram massacrados 580 mil judeus, cidades e templos arrasados, milhares de judeus escravizados, a cabeça de bar Kosba cortada e exibida como troféu, e a região rebaptizada de Síria Palestina. "Oitenta mil romanos invadiram Betar, e assassinaram os homens, mulheres e crianças, até correr sangue das soleiras e valetas". Nascia o judaísmo como condição religiosa e cultura, acabava a condição política.
Na apresentação do plano para controlar militarmente o "corredor de Filadélfia" Netanyahu recorre a um mapa onde a Cisjordânia já não aparece assinalada, é tudo Israel, só já ali resta Gaza a incomodar e atrapalhar. Netanyahu e os fundamentalistas religiosos e de extrema-direita com quem está coligado no governo vão "corrigir" a história e repetir na "terra prometida" com os palestinianos o que Adriano lhes fez há quase 1900 anos. E ninguém quer saber.
Desde o início da guerra Zelensky veste a farda, verde ou camuflado, do exército. Desde o início da guerra Netanyahu veste negro. Integral. A fazer lembrar outros que vestiram negro noutras alturas. Coisa que lhe devia fazer comichão mas que pelos vistos não faz.
A protester sits as fire emerges during a demonstration against Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu and his nationalist coalition government's judicial overhaul, in Tel Aviv, Israel July 20, 2023. Reuters/ Corinna Kern