||| E privatizar também a puta que os pariu a todos?
Devido à ausência e, nalguns casos, até à diminuição da biodiversidade prevista no plano de ordenamento, por via da actividade humana… proibida no plano de ordenamento, um grupo privado apresenta um estudo, de iniciativa privada, onde se propõe a entrega de uma parcela do património natural comum… à iniciativa privada, para exploração e ocupação humana… proibida no plano de ordenamento.
Plano de ordenamento, falho e falhado, por desleixo, desinteresse, falta de dinheiro, o que seja, por culpa da tutela e das entidades responsáveis por o fazer cumprir e respeitar, ou por dolo, de quem estando à frente da cousa pública tem, por cegueira ideológica, como objectivo último entregá-la a privados com o argumento de que os planos públicos não funcionam e que a iniciativa privada, que é só de alguns, é melhor a gerir e administrar a cousa pública, que é de todos.
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Recordando José Saramago nos Cadernos de Lanzarote: «Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
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