"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Se um desses quaisquer tropa fandanga responsáveis por decidir empréstimos de 3 500€ num balcão qualquer da Caixa Geral de Depósitos alegar que não se lembra do empréstimo que decidiu e que correu mal a gente até acredita, devem haver milhares de pedidos dessa ordem todos os dias, vai-se lá lembrar daquele especificamente?
Se o Governador do Banco de Portugal alega não se lembrar da autorização dada pelo banco central que governa para a entrada de Joe Berardo no capital do BCP, com um empréstimo contraído no banco do estado no valor de 350 milhões de €, mesmo que posteriormente corrija para não ter estado na reunião que o decidiu, está a mentir com quantos dentes tem na boca porque não é todos os dias em que um valor daquela ordem aparece em cima da mesa das reuniões.
E se Vítor Constâncio mentiu é porque tem/ tinha a clara noção de que o que estava a ser feito não era correcto. Tão simples quanto isto.
Se o Estado dá o Bom / Mau exemplo [riscar o que não interessar] com a circulação entre o privado e o Estado de quem negociou as PPP com o Estado na qualidade de administrador de consórcios privados e depois renegoceia as mesmas PPP com os consórcios privados na "defesa" do interesse do Estado...
Estado exige destituição de árbitro que está a julgar fim do TGV
Dois – 2 – Dois meses foi exactamente o tempo que levou até Pedro Passos Coelho fazer standby à "social-democracia, sempre!" e regressar ao sítio de onde nunca tinha saído: o liberalismo acéfalo do "aliviar o peso do Estado da economia" desde que o Estado seja o português, fazendo o precurso exactamente contrário aos liberais de pacotilha que, ao sentirem a s barbas a arder, atribuiram uma Pátria à cor do dinheiro.
E agora a suspeição vai ficar a pairar, como um nuvem sempre a chover por cima dele, para todo o sempre, até ao fim dos dias da sua vida.
Três semanas depois de o infeliz, porque injustiçado, Jardim Gonçalves ter sido impedido de provar a sua inocência na barra do tribunal:
«O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, reconheceu nesta quinta-feira que existe a possibilidade de prescrição total do processo contra-ordenacional contra antigos administradores do BCP, criticando os esforços da defesa para arrastar o processo.
O líder, actual, do partido que tem quase tantos anos de democracia quantos os anos de União Nacional faz-se de surpreendido por o cidadão comum do tempo da União Nacional continuar a ser o cidadão comum no tempo da democracia e por o cidadão da União Nacional continuar a ser o cidadão da União Nacional, convertido à democracia, no partido que tem quase tantos anos de democracia quantos os anos de União Nacional. São "acidentes", os privilégios. Ter sido nas Caldas foi uma homenagem à tentativa de golpe de Estado de 16 de Março de 1974.
Certamente pelo mediatismo, pela sede de protagonismo, pela velocidade estonteante das suas participações em conferências e palestras, das suas aparições em telejornais a dizer de sua justiça sobre tudo o que respira, à face da terra e debaixo de água, faltou tempo a Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal e antigo director da área internacional do BCP, para supervisionar o processo.
O personagem que recebeu 384 mil euros em 2012 para administrar um banco intervencionado pelo Estado, defende que as empresas possam reduzir temporariamente os salários aos seus empregados e também uma "forte redução" das contribuições das empresas para uma Segurança Social. A mesmíssima Segurança Social, cada vez mais descapitalizada, para onde quer enviar, ao arrepio da Lei, os 600 trabalhadores [mais "adicionais"] que tenciona despedir do banco que administra.
No mesmíssimo dia em que o Governo avança com a «proposta de redução das indemnizações para 12 dias por cada ano de trabalho», o BCP, banco intervencionado pelo Estado, «ofereceu aos trabalhadores que aceitarem sair 1,7 vencimentos por cada ano de trabalho», ao mesmo tempo que, com o aval do Governo dos "12 dias", reencaminha para uma Segurança Social, "descapitalizada" e sem dinheiro para nada, nas palavras do próprio Governo, a cortar a eito, na duração e no valor, em tudo o que é subsídio e comparticipação, 600 rescisões amigáveis, directamente para o subsídio de desemprego. Este Governo não tem pena de 600 futuros desempregados, este Governo é amigo dos bancos. Mas isso já toda a gente sabe. Ou pelo menos devia saber, passado que é um ano e meio.
Aliás, a gente não faz mais nada que ver filmes e séries passados em tribunais.
Segundo nos é dado a perceber as provas não são forjadas nem falsificadas, o que lá consta não é mentira, simplesmente as provas foram obtidas de forma ilegal.