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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Uma asneira nunca vem só

por josé simões, em 29.05.07

Há dias assim. Sai-se de casa (às vezes ainda em casa), apanha-se uma, e, depois, é de rajada; como que por arrastamento. Umas atrás das outras.

 

Venho no carro e ouço os resultados do barómetro DN / TSF / Marktest em que a maioria dos inquiridos apoia a abertura dos hipermercados aos domingos. Depois ouço o representante da Confederação do Comércio defender que se devia seguir o exemplo da vizinha Espanha e de outros países da Europa em que ao domingo é para fechar, e que os portugueses não têm o hábito de fazer compras ao domingo.

(Curiosa esta moda recente. De cada vez que se fala em Espanha, o “vizinha” vir por acréscimo. Como se nós não soubéssemos.)

E ouço também um senhor falar em nome, salvo erro, da Associação das Empresas de Distribuição defender a abertura de todo o comércio – não só dos Hipers – ao domingo, com um argumento deveras curioso. Mais ou menos assim: “Justifica-se a abertura de todo o comércio aos domingos. Vejam-se os meses de Novembro e Dezembro em que isso acontece, com as lojas sempre cheias”. Pois. E o Natal mais o 13º mês não têm nada a haver com isto… Natal é todo o ano. Melhor, Natal é quando a Associação das Empresas de Distribuição quiser.

 

Recordo-me de quando era criança; as enormes viagens de carro que fiz por este país dentro, com os meus pais e o meu irmão. Sempre pela nacional, porque isso de auto-estradas era de Lisboa ao Casal do Marco, e de Lisboa a Vila Franca, e mais um bocadinho de Lisboa até depois de Monsanto; era o que havia. Cruzávamo-nos inúmeras vezes com camiões de uma empresa que não me recordo o nome, e que ostentavam na parte superior da cabina um dístico onde se lia “O Mundo Gira e (nome da empresa) Gira com Ele”. Vem isto a propósito do que Vital Moreira, na sua incansável cruzada em defesa da Ota, escreve no Público de hoje: “os concelhos com maior possibilidade de sofrerem danos em consequência de um sismo são, por ordem decrescente, Lisboa, Almada (onde se situa o Poceirão…) (…)”. Pois. “Portugal Gira e os Concelhos Giram com Ele” podia ser o título do artigo de Vital Moreira. O Poceirão, distrito de Setúbal, concelho de Palmela – terra dos bons vinhos, girou até Almada para se encaixar na argumentação de Vital Moreira. É por causa destas, e de outras como estas, que cada vez mais desconfio da Ota e das doutas opiniões em sua defesa.