"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"it’s a turbulent time for many people across the world, but in one fell swoop, a design can still inspire hope. this powerful installation, the bulletproof ‘pride shield’, symbolizes hope and tangibly reminds the world that together, we can stop violence"
Transitar do BPN ou da Sociedade Lusa de Negócios para ocupar cargos de secretaria de Estado ou desempenhar funções de assessoria a secretários de Estado e ministros, primeiro-ministro Pedro Passos Coelho incluído, do Governo PSD/ CDS-PP, omitindo cirurgicamente do curriculum o "lado negro" da história, não é nada de por aí além. Já ter sido "um dos principais responsáveis pela gestão do BPN no período pós-nacionalização" é motivo para que se questione a idoneidade.
[Imagem "Washington circa 1925. Y.W.C.A.", Circus Harris & Ewing Collection]
Alguém que me explique cabalmente porque é que valorizar a bandeira e o hino nacional por alguém oriundo da esquerda deve ser considerado como uma deriva à direita.
Vem isto a propósito do apelo feito pela candidata do PS francês – Ségolène Royal – para que os franceses colocassem a bandeira tricolor nas janelas, e a reabilitação do hino nacional, que passou a encerrar os comícios de campanha, donde havia andado arredado em favor de temas interpretados por Madonna ou Black Eyed Peas, o que foi considerado pela maioria dos analistas como um piscar de olho ao eleitorado que tradicionalmente vota à direita.
A esquerda não é patriótica nem nacionalista – no sentido de amor à pátria? A esquerda não respeita nem tem orgulho na Bandeira e no Hino?
Por outras palavras, somos todos de direita – perigosamente – quando colocamos as nossas bandeiras nas janelas e varandas em apoio à Selecção Nacional? São Scolari e Marcelo Rebelo de Sousa, Le Pen’s em potência por haverem apelado a esse acto?
Que me recorde, todos os comícios, quer do PS, quer do PC portugueses, terminam com A Portuguesa, e bandeiras nacionais nunca faltaram
A quem é que interessa fazer passar esta ideia?
A quem interessa clivar o eleitorado, ou mais grave, um povo, atribuindo o exclusivo da assumpção dos símbolos pátrios a determinada facção politico-partidária ou ideológica? Certamente àqueles senhores que afixam cartazes na principal rotunda da capital com mensagens xenófobas.
É que hoje são os imigrantes, amanhã são os pretos e os judeus, depois os comunistas os socialistas e até alguns sectores da direita mais os católicos. Isto é uma remake de um filme que esteve em exibição por essa Europa fora há 60 anos atrás.