"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Uma página negra na justiça portuguesa", diz o excelentíssimo causídico, depois de ter andado a empatar um julgamento durante 10 anos com manobras dilatórias e recursos processuais. Uma "vergonha mundial", não os 10 anos empatados, uma coisa nunca vista nunca vista no "mundo civilizado", onde alguém naquelas alegadas condições, que podia ter entrado directamente no tribunal, optou por vir 100 metros pelo meio da rua em procissão para o prime time. E podia ainda ter invocado como exemplo do "mundo civilizado" os Estados Unidos, onde Bernie Madoff, preso em Dezembro de 2008, foi julgado e condenado em Junho de 2009, seis meses passados. Nem tempo teve para "apanhar" alzheimer.
Quando os juros elevados serviram para equilibrar as contas públicas e reduzir a divida, para a direita ilusionista liberal era o "ilusionismo socialista", agora que os juros elevados fazem disparar os lucros dos bancos, caladinhos, a esquerda tem ódio ao lucro.
A arte destes artistas consiste em meter os miseráveis e remediados a votarem neles enquanto repudiam outros miseráveis e remediados como eles.
Excessivo em Portugal é o salário mínimo nacional, o subsídio de desemprego - no valor a pagar e na duração temporal, a contratação colectiva de trabalho, as indemnizações a pagar por despedimento, o imposto a pagar pelas empresas, a protecção social aos cidadãos. Nos 90s até havia uma banda, os Excesso, cujo nome era precisamente inspirado nisto.
Há quem que com alzheimer perca um T2 na Brandoa para o banco e há o dono do banco com alzheimer que se perde nos quatro pisos, 45 divisões e uma piscina na Boca do Inferno. Coitado do banqueiro.
O publisher do falido Eco, o Pravda do partido RGA, Reunião Geral de Alunos, também conhecido por Ilusão Liberal, os do direito do mais forte à liberdade, queria o exemplo Nabeiro replicado na banca suíça e na "missão das autoridades financeiras do país", o que quer que isso signifique.
Enquanto as taxas de juro massacraram pessoas e famílias foi sem dó nem piedade, sempre a subir, "ai aguenta, aguenta", a partir do momento em que começou a ameaçar bancos com má gestão de risco foi accionado o travão. Para quem se governa, por quem se é governado ou, como na canção, "the system only dreams in total darkness".
E porque é que isto não abriu, abre telejornais, não motiva comentário dos liberais donos da democracia, e nem sequer desperta a ira dos "portugueses de bem"?
"A uma semana de receber mais de 400 milhões de euros do Fundo de Resolução (que é financiado pelos bancos do sistema português e cujas despesas têm impacto no défice orçamental), o Novo Banco pode, a partir de Janeiro próximo, vir a comprar outros bancos."