"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Agora que é conhecida a paternidade do enjeitado, o azar da Autoridade Tributária com a operação stop em Alfena/ Valongo foi o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais já não ser o CDS Paulo Núncio, para haver uma lista de matrículas VIP isentas de escrutínio, e para termos a brigada da direita radical, de plantão ao Twitter e ao Facebook, o dia todo a explicar a justeza da acção, rematada pelas avenças do comentário político, isento e independente, nas televisões a explicarem ao povo ignaro que a medida era não só justa como imperiosa e necessária, o problema resida na comunicação do Governo estar a ser mal feita.
Não, não foi durante a vigência do Governo da direita radical [PSD/ CDS] com o fisco a penhorar, implacável e inexoravelmente, uma habitação por meia dúzia de euros de portagens não pagas que a "Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) anulou uma liquidação adicional de aproximadamente 125 milhões de euros que tinha instaurado à Brisa pela venda da sua participação na Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) no Brasil".
"Num comentário ao vídeo em boa hora lançado nesta página, Marques Mendes defende-se alegando que o diploma que apresentou em 2005 se cingia a casos onde "há uma suspeita" e que não pretendia actuar "de forma ilimitada, generalizada ou indiscriminada". É pena que o Dr. Marques Mendes não tenha lido o diploma que então apresentou, pois tanto na exposição de motivos como na redação do artigo o intuito é claro: o acesso às contas bancárias é dado "sempre que [a Administração Tributária] o solicite para combater a evasão ou fraude fiscais". Não há nenhuma referência a suspeita, há apenas o arbítrio da Autoridade Tributária."
Ministérios e secretarias de Estado e direcções-gerais e autoridades várias pejadas de centenas e centenas e centenas de militantes e simpatizantes, inner circle, do PSD e do CDS, sem currículo mas já com 4 anos de currículo, por nomeação dos ministros e secretários de Estado, também eles militantes do PSD e do CDS, mas os ministros e os secretários de Estado nunca sabem nada de nada. A rebaldaria total e a falta de autoridade, é a versão bondosa.
Nos filmes amaricanos os operacionais 'adormecidos' e os pelotões desactivados da Delta Force são contactados por alguém da Administração para uma operação suja secreta numa República das Bananas, algures entre a América Latina e África, "mas isto não é oficial se forem descobertos estão por vossa conta que nós vamos desmentir tudo".
Cavaco não diria melhor. Com a atenuante de que Cavaco não vai ser o candidato da família área política do PSD a Presidente da República que Pedro Passos Coelho não quer circense.
Mas é exactamente o contrário. A haver uma lista de contribuintes VIP [e se não há devia haver] e nela inscritos todos os nomes de titulares de cargos políticos, sem excepção, devia ser aberta, sem filtros ao escrutinio público, como forma de transparência, responsabilidade e credibilidade.
Ontem o Público dava conta do embuste que é a escolha dos dirigentes do Estado por parte da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, segundo o método introduzido por Pedro Passos Coelho em 2012.
Por falar em "bodes expiatórios", Paulo Gomes, após se demitir do cargo de director nacional da PSP, é colocado em Paris por Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, num cargo até à data inexistente e a ganhar o triplo do salário. Espírito de missão é isto, nem vai ser preciso "brigar" muito.
As notícias sobre a morte do Partido do Contribuinte eram manifestamente exageradas. Continua vivo e de boa saúde, só não se aconselha, caída que foi a máscara que tapava o V de VIP, entre parentesis à frente do Partido do Contribuinte, resquícios do PREC num partido nascido no PREC, quando a esquerda era m-l, entre parêntesis e não tinha vergonha, nestes tempos de PREC da direita. CDS/ PC (VIP).
A culpa foi do mordomo que prontamente abandonou o cargo. "Mentira e Cobardia" é o lema escrito por detrás dos pins com a bandeira de Portugal que os ministros e secretários de Estado usam na lapela.