"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"50 mil esferográficas, 30 mil lápis e 15 mil bonés com urgência imperiosa. Já faltou mais para se lembrarem todos do Decreto-lei 40/2011, assinado por José Sócrates e promulgado por Cavaco Silva, que aumentou para números estratosféricos o valor dos contratos por ajuste directo adjudicados pelas entidades públicas. De direcções gerais a ministérios passando por municípios, no caso dos presidentes de Câmara de 150 mil para 900 mil euros. A bem da Nação.
Parece que a Autoridade Nacional de Protecção Civil adoptou como norma para os bombeiros aquilo que é a norma para todas forças de segurança, militares ou civis, em todo o mundo civilizado: haver uma única fonte. autorizada e documentada. para fazer a ligação com os órgãos da comunicação social. Como vão deixar de cair aviões Canadair por dá cá aquela palha e a pedido da urgência do directo e do ser o primeiro a dar a notícia, os palermas, que têm de fazer prova de vida e aparecer às horas certas nos noticários a dizer qualquer coisa por mais imbecil que seja, vêm falar em "lei da rolha".
«MAI contrata seguranças privados para guardarem polícias», podia ser um sketch de mais um episódio de humor básico-manhoso dos Malucos do Riso mas não, é só mais uma etapa do percurso, iniciado em 2011 pelos Amigos do Pote, no assalto ao Estado e no saque ao dinheiro dos contribuintes.
«Ministério das Finanças autorizou despesa superior a 3,3 milhões de euros». Cortar nas gorduras do Estado e fazer mais com menos foram, em 2011, recuperadas outra vez para 2105, as bandeiras do PSD e do CDS, traduzidas em cortes no subsídio de desemprego – no valor e na duração temporal, cortes no Rendimento Social de Inserção, cortes no Complemento Solidário Para Idosos, cortes na saúde e na educação, aumento de taxas e de impostos. Não há dinheiro para nada, a menos que seja para negociatas com clientela político-partidária vária, sempre à sombra do guarda-sol do Estado. “Há que aliviar o peso do Estado da economia”, eis outro mito urbano jamais saído da boca de Pedro Passos Coelho.
Esta direita que nos governa, despreza – por maltratar e malbaratar, o dinheiro do contribuinte em seu proveito, não zela pelo interesse do Estado. E merece ser punida por isso.
Ou, se quisermos, de colocar a questão: quem e porquê [historial de negócios com o Estado e ligações ao poder político] das empresas, e intermediários, da "indústria do fogo", que lucram quatro vezes mais por o Estado [ler: dinheiro dos impostos dos contribuintes] gastar quatro vezes mais no combate do que na prevenção dos incêndios?