"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Se a gasolina é paga pelo consumidor depois de fazer todo um percurso que vai desde o preço de compra aos custos de refinação e distribuição e ainda os impostos cobrados pelo Estado, qual é a preocupação desse mesmo Estado com o maior ou menor consumo, se o preço a pagar incide sempre sobre o suspeito do costume, o consumidor? Acaso a gasolina é vendida a preço de custo? Ou subsidiada?
O Estado em todo o seu esplendor, a encontar (mais) uma forma de ir ao bolso do contribuinte.
Por uma questão de justiça, e seguindo o justo princípio do utilizador-pagador, andaram por aí há uns anos a malhar em João Cravinho por causa das Scuts e do bom negócio que tinha sido para os boys do PS colocados nas empresas amigas do PS e do Estado, que é como quem diz amigas do bolso do contribuinte. Agora que finalmente se resolveu acabar com o forrobodó, vêm os antigos defensores das portagens dizer que afinal não, que são regiões empobrecidas e a coesão nacional e a falta de alternativa e o diabo a sete.
Os cidadãos da margem sul do Tejo, sem alternativa, pagam portagem na(s) ponte(s) para chegar a Lisboa, todos os dias da semana, todas as semanas do mês, todos os meses do ano, e uma graaaaande maioria além de pagar a(s) ponte(s) também paga a auto-estrada. Isto há um ror de anos, tantos que até já nos esquecemos.
Pagamos as “nossas” directamente, e pagamos indirectamente as Scuts, aquelas por onde raramente ou nunca passamos, por via dos nossos impostos. Isto como se o distrito de Setúbal fosse uma região rica, como se o desemprego e a miséria não estivessem aí a rebentar outra vez, como se nos anos negros da fome e das bandeiras negras não continuássemos sempre a pagar portagem, sem contrapartidas, enquanto os investimentos em infra-estruturas, via fundos comunitários e em nome da coesão nacional, eram efectuados nas regiões que agora se acham no direito de não pagar portagens.