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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

O incêndio da CDU

por josé simões, em 12.02.25

 

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Se Portugal não fosse um país Lisboa centrado, com escapadelas pontuais ao Porto, as próximas autárquicas tinham o foco das televisões em Setúbal onde vai acontecer a mais maravilhosa/ fantástica/ inusitada disputa da história do poder local em democracia.

Carlos Sousa, o eleito presidente pela CDU, que há 24 anos pôs fim a década e meia de marasmo, caos urbanístico e arquitectónico, desordenamento do território, compadrio, pato-bravismo, promiscuidade entre poder político e futebol, do PS de Mata Cáceres, aparece agora como mandatário, o homem que vai dar a cara pela candidatura do Partido Socialista, tendo como oponentes declarados a sua ex vereadora da Cultura, e sucessora na presidência da autarquia - Maria das Dores Meira, agora como candidata independente, e André Martins, actual presidente da edilidade, e ex vereador do Ambiente no executivo que arredou os socialistas da governação da cidade por um quarto de século.

E é este o drama do PCP, ser o municiador de talentos para outros, desde o PS ao Bloco passando pelo PSD, enquanto definha nas urnas. O PCP está para a política como o Vitória da cidade está para o futebol e para os grandes.

 

[Imagem "Aspecto do edifício da Câmara Municipal de Setúbal, aquando do incêndio de 1910", Américo Ribeiro]

 

Adenda: ontem o inefável Santana Lopes abriu os telejornais. Mas isso não tem a ver com a Figueira da Foz, tem a ver com um vírus que contamina a política portuguesa chamado "amiguismo lisboeta"

 

 

 

 

A direita das percepções, II

por josé simões, em 03.02.25

 

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O Correio da Manha faz primeira página com uma alegada sondagem que dá 46,2% a Carlos Moedas contra 27,1% de Alexandra Leitão numa corrida à câmara de Lisboa, e na autarquia do Porto 29% a Manuel Pizarro, numa disputa com Pedro Duarte, que se fica pelos 26%. Lá dentro, Carlos Rodrigues, "director-geral editorial" e alegado jornalista, explica a alegada sondagem - o universo nacional a opinar sobre uma determinada câmara municipal onde só votam os residentes, tipo uma sondagem europeia sobre quem deveria ser o próximo inquilino na Casa Branca em Washington.

É a direita "perita em criar percepções na opinião pública com reflexos nos sentidos de voto", com a cumplicidade do descrédito da comunicação social.

A primeira função já foi cumprida - os que lêem as gordas ao balcão do café, a segunda, que é a replicação em todos os telejornais desta "sondagem fidedigna", está em curso. Percebem agora porque é que Correio da Manha não leva til?