O incêndio da CDU
Se Portugal não fosse um país Lisboa centrado, com escapadelas pontuais ao Porto, as próximas autárquicas tinham o foco das televisões em Setúbal onde vai acontecer a mais maravilhosa/ fantástica/ inusitada disputa da história do poder local em democracia.
Carlos Sousa, o eleito presidente pela CDU, que há 24 anos pôs fim a década e meia de marasmo, caos urbanístico e arquitectónico, desordenamento do território, compadrio, pato-bravismo, promiscuidade entre poder político e futebol, do PS de Mata Cáceres, aparece agora como mandatário, o homem que vai dar a cara pela candidatura do Partido Socialista, tendo como oponentes declarados a sua ex vereadora da Cultura, e sucessora na presidência da autarquia - Maria das Dores Meira, agora como candidata independente, e André Martins, actual presidente da edilidade, e ex vereador do Ambiente no executivo que arredou os socialistas da governação da cidade por um quarto de século.
E é este o drama do PCP, ser o municiador de talentos para outros, desde o PS ao Bloco passando pelo PSD, enquanto definha nas urnas. O PCP está para a política como o Vitória da cidade está para o futebol e para os grandes.
[Imagem "Aspecto do edifício da Câmara Municipal de Setúbal, aquando do incêndio de 1910", Américo Ribeiro]
Adenda: ontem o inefável Santana Lopes abriu os telejornais. Mas isso não tem a ver com a Figueira da Foz, tem a ver com um vírus que contamina a política portuguesa chamado "amiguismo lisboeta"