"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O sucesso do Governo que devolvia 0% de sobretaxa de IRS, simulada online a começar em 35%, enquanto cortava 600 milhões de euros em pensões a pagamento e mantinha temporárias cá dentro as medidas que assegurava definitivas em Bruxelas no lamento dos custos de trabalho elevados, "a reforma que ficou por fazer". Social-democracia, sempre!
"Fomos nós, ainda no ano passado, que gradualmente começámos a remover as medidas de austeridade. Esse processo de remoção de austeridade é uma espécie de prova dos nove de que fomos bem-sucedidos"
Os então amigos de Jörg Haider, actuais amigos de Viktor Orbán e simpatizantes de Marine Le Pen, mas só entre eles e à boca pequena que não se ganham eleições a dizer o que se pensa e ao que se vai, Pedro Passos Coelho que o diga, e que são os verdadeiros democratas e que estão para a democracia como alguma esquerda, a esquerda verdadeira, está para a esquerda, vão começar a fazer barulho, muito barulho, por Jeremy Corbyn vir a Lisboa a convite de António Costa discursar contra a austeridade e, como se não lhe bastasse ser contra a austeridade ainda é contra a Europa, alemã, um inglês ser contra a Europa, alemã, onde é que já se viu?! E é contra a NATO e é contra o ir inventar guerras onde elas não existem, tipo o Bush e o Blair no Iraque e o Cameron a bombardear a Líbia com o Sarkozy porque sim, e que não dobra a espinha até ao chão frente ao monumento aos caídos da I Guerra Mundial no Poppy Day, dobra só um cadinho, um perigoso anti-democrata, este Jeremias bife, a quem urge pôr o travão da descredibilidade antes das eleições não vão os ingleses enganar-se no dia do voto, como há liaz [não é gralha] se enganam todos, ingleses ou não, quando toca a eleger alguém à esquerda, coisa que não acontece, isso do engano, nem traz perigo real para a democracia quando a eleição é à direita, extrema.
Manuel Valls [e Matteo Renzi] lídimo descendente de uma dinastia de políticos iniciada com Gerhard Schröder e Tony Blair e que, debaixo do guarda-chuva dos partidos que se reivindicam do "socialismo democrático", têm como objectivo único na sua passagem pela vida política dar continuação, com um "rosto humano", ao legado de Margaret Thatcher e Ronald Reagan [desmantelamento do Estado e do Estado social, desvalorização do factor trabalho, retirada de direitos e garantias], governar não como alternativa política de esquerda mas como e por reacção às políticas da direita, a famosa máxima de António Costa e que o há-de perseguir até ao fim dos tempos «Não tenhamos dúvidas: se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou. A mudança necessária exige ruptura com a actual maioria e a sua política.» e que tem em Portugal, e no Partido Socialista, discípulos fiéis [António José Seguro, Eurico Brilhante Dias, Francisco Assis, Carlos Zorrinho por exemplo].
Falemos então de austeridade e de despesismo e de viver acima das suas possibilidades e de cortar na despesa do Estado, social, antes de ser rebaptizado de “gorduras” e de não ter descontado o suficiente para a reforma que se recebe e de não se trabalhar bastante para a mais-valia, do patrão e accionistas, antes de ser rebaptizado de "crescimento económico. «Edifício custou 1,3 mil milhões de euros.».
É se os indígenas do sul, defensores da austeridade alemã para o sul da Europa, acreditam piamente na boa fé alemã da austeridade expansionista ou se estão eles de boa fé, na ignorância da austeridade que a Alemanha não aplica a si própria, com reflexo num maior crescimento económico que proporciona maiores receitas fiscais, e nas taxas de juro baixas sobre a dívida alemã, reflexo da fuga de capitais do sul da Europa, assolado pela austeridade alemã aplicada pelos indígenas. Qualquer das hipóteses não é muito abonatória da inteligência dos indígenas do sul.
O século XXI europeu vai ser medieval. Os estados fechados sobre si e permanentemente em guerra com os estados vizinhos, não pelas armas mas pela economia, os "Xerifes de Nottingham" fechados no luxo e na opulência do castelo que, para satisfazer a ganância e a gula insaciável da "nobreza financeira" e com a cúmplicidade dos "vassalos", enviam os cobradores de impostos a bater à porta dos servos e os soldados para a pilhar os bens. Mais cedo ou mais tarde isto vai rebentar. Só pode rebentar.
A propaganda governamental desmontada pelos capatazes da austeridade que, não contentes com os resultados alcançados, exigem um reforço da receita, interrompida por «factores "extraordinários"» convenientemente omitidos pelo Governo nas acções de propaganda, e que lhes leva a questionar a sua durabilidade, na ausência de mais "factores extraordinários". Pior que ser burro é ser burro e não querer aprender.