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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

A Esquerda onde tudo acontece

por josé simões, em 23.12.08

 

 

Sempre me fez alguma confusão a maneira como alguma esquerda jurássica fala do Partido Republicano amaricano (com a), do alto da sua suposta autoridade moral. Como se fossem uma cambada de incultos e analfabetos e onde o único princípio válido fosse a ausência de princípios.

 

«a vitória esmagadora de Barack Obama e a contagiosa onda de dinamismo que desencadeou em favor de uma mudança profunda na América e no mundo (…) tendo lançado o Partido Democrático, numa fase de intensa renovação criativa e influenciado profundamente a sociedade americana, incluindo o Partido Republicano, no que tem de melhor»

 

E o que o Grand Old Party tem de melhor, penso eu de que, deve ser Abraham Lincoln, que lutou pela abolição da escravatura, e não anda por aí a alardear-se do facto nem a atirar com ele constantemente à cara dos amaricanos. Fosse em Portugal e outro galo cantaria. Estava encontrado “O Nirvana”. Às vezes sou tentado a concordar com o Henrique Raposo. Desculpem lá mas eu não quero ter nada a ver com esta esquerda.

 

(Foto de Byron Broadstock via Dayli Telegraph)

 

 

 

 

“Emergência social”

por josé simões, em 25.06.08

 

Alguém me sabe dizer, s. f. f., quem era o primeiro-ministro de Portugal; quem eram os seus ministros; quem era o líder do grupo parlamentar do PSD, nos anos 80 do século XX, quando, na exacta proporção em que choviam fundos de Bruxelas, encerravam fábricas e empresas no distrito de Setúbal; as manifestações com bandeiras negras enchiam as ruas da cidade; D. Manuel MartinsO Bispo”, desmultipicava-se e desmultiplicava a igreja em acções de socorro aos carenciados; comia jaquinzinhos fritos em S. Bento a convite do Presidente do Conselho e, last but not the least, as auto-estradas floresciam que nem cogumelos e rasgavam o país de lés-a-lés?

 

Como diz “o outro”: “Há muita fraca memória na política portuguesa…

 

(Foto de Luciano Alessandro fanada no La Repubblica)

 

 

 

Reféns do passado

por josé simões, em 11.06.08

 

Escreve Henrique Raposo:

 

“O ministro da administração interna serve para quê? Num país decente, num regime decente, Rui Pereira já estava com a carta de demissão na mão. O principal responsável pela morte daquela pessoa é das autoridades, a começar por Rui Pereira.  Porque permitiram que os piquetes fora-da-lei actuassem de forma impune durante 3 dias.

 

E o Presidente anda a fazer o quê? Está à espera do quê para dar um grito? Democracia não é a abolição da autoridade. É a legitimação da autoridade.

 

Chama-se a isto estar “refém do passado”. Um passado comum que dá pelo nome de “buzinão”. O Presidente, então primeiro-ministro, pela célebre carga policial e pelas imagens que as televisões (à época já no plural) passaram até à exaustão. O actual Governo, à época na oposição, pela participação activa no “buzinão”.

 

Quando as pessoas não conseguem acertar contas com o (seu) passado, é nisto que dá.

E muito mais que corporativismo ou sindicalismo, salazarismo ou PREC, é à roda desta dualidade e/ ou ambiguidade passado-presente, oposição-governo que as coisas vão girando. E não só nesta situação específica. Para mal dos nossos pecados.

 

(Foto AFP / Getty Images via Daily Telegraph)

 

 

 

Lógica da batata

por josé simões, em 05.05.08

 

“Em vez de obrigar os senhores doutores que estão a ser pagos nos hospitais públicos a trabalhar depois do meio-dia, o Ministério da Saúde paga operações oftalmológicas no privado (e serão os mesmos médicos que estão de manhã no público?). Está certo. Faz todo o sentido. Obrigar a trabalhar dá muito trabalho.”
(Link)
 
Ainda diria mais; uma operação oftalmológica, acordada esta semana entre o ministério da Saúde e o Hospital da Cruz Vermelha vale 900 euros. Entra hoje, sai amanhã. Uma operação oftalmológica em Cuba; tudo incluído (operação, avião e estadia), fica pela módica quantia de 1 300 euros; vinte dias de internamento, e, além das cataratas, um check-up completo que pode abranger operação às varizes e ao útero, e tratamento de dentes.
 
Alguma coisa vai mal…
 
(Foto de Yoshikazu Tsuno para a AFP, via Getty Images e fanada no Guardian)
 
 

Desastre verde

por josé simões, em 14.04.08

 

Sobre este escrito de Henrique Raposo, que aliás assino por baixo, convém, a meu ver, acrescentar mais duas coisinhas:
 
- A primeira; o desastre ao nível ambiental.
Neste momento assistimos impávidos e serenos à desmatação de florestas inteiras para a plantação de cereais destinados aos biocombustíveis, principalmente na América Latina e no Sudoeste Asiático, com o consequente aumento de dióxido de carbono, principal responsável pelo efeito estufa e aquecimento global.
 
A segunda; salvo erro, foi Fidel Castro o primeiro dirigente político a alertar para o aumento do preço dos cereais pelo recurso aos biocombustíveis, e para as consequentes fomes que iria gerar nos países do terceiro-mundo e/ ou em vias de desenvolvimento. Mas na altura isso era mais do mesmo; ou seja, conversa anti-capitalista de velho comuna, e ainda por cima xé-xé…
 
(Foto roubada aqui)
 
 

Revolução na hotelaria? Não iria por aí...

por josé simões, em 01.04.08

 

Caro João Tunes; caro Paulo Pinto Mascarenhas , não vejo o que possa haver de absolutamente extraordinário e surpreendente nesta notícia
 
Na perspectiva marxista-leninista da economia, deve ser encarada como uma medida, cujo objectivo último é eliminar mais um explorador na cadeia das relações laborais. Falando português corrente, o explorador tem nome: O Chulo.
 
Ao contrário do que se possa pensar, os cubanos podiam e podem frequentar os hotéis de luxo, aparentemente reservados aos turistas. Mais concretamente, as cubanas.
É absolutamente banal encontrar, nos lobbies & bares dos hotéis de Havana, jovens do sexo feminino, algumas com curso superior, que, para conseguirem equilibrar o orçamento, fazem uns “biscates” junto dos turistas, a troco de comissões pagas aos gerentes e recepcionistas, que assim fecham os olhos às penetras indígenas.
Ao abrir as portas dos hotéis aos naturais, Raul Castro elimina um parasita na cadeia de produção.
 
Têm dúvidas? Visitem Havana e depois falamos.
 
(Foto de Elmer Batters via El País)
 
 

Mulheres e Esposas

por josé simões, em 14.03.08

(Foto via Hulton Getty)
 
 
 Vamos lá chamar os bois pelos nomes. Mau começo para o post. Vamos lá por os pontos nos is:
 
Quando se diz ou se escreve “a mulher de”, tem um sentido pejorativo; uma desconsideração à pessoa em questão e ao “de”; para o caso “o marido”. “Mulher” é aquela coisa que se tem ali à mão; submissa, sem vontade própria, e à qual se recorre para satisfazer as necessidades. Desde as mais básicas, às outras. Só não usa burka, aqui no Ocidente, porque pareceria mal; mas candidatos (no masculino) não faltam por aí.
 
 
(Foto via Ad Lib Studio)
 
 
 
 A “esposa de” é alguém com vontade própria, personalidade. Uma entidade autónoma, com quem, por razões que a razão desconhece, e por mútuo acordo, partilhamos o dia-a-dia.
 
É por isso que Fernanda Tadeu é esposa de António Costa. E se chama Fernanda Tadeu; não Fernanda Costa. E aparece na manif dos profs a gritar contra a ministra do Governo de Sócrates.
 
É por isso que Silda Alice Spitzer é a mulher de Eliot Spitzer. E se chama Silda Alice, com Spitzer no fim. E aparece ao lado do marido, com o ar mais desgraçado do mundo, na conferência de imprensa em que ele resigna ao cargo, depois de ter sido caçado a gastar balúrdios nas “meninas”.
 
Se tivessem olhado aos pormenores, teriam evitado polémicas parvas; que é só o mínimo que me ocorre para classificar o que por aqui tem acontecido.
 
(Esta era uma das razões que levava a minha avó, que nasceu no reinado de D. Manuel II, assistiu à implantação da República, aguentou o Estado Novo, e sobreviveu ao 25 de Abril, a passar-se completamente quando ouvia alguém falar na “mulher de”. “Mulheres são as putas!”; dizia.
 
Adenda: leitura aconselhada: A Política do Acasalamento
 
  

Conta-me como foi

por josé simões, em 02.03.08

 

Numa tarde de domingo; de carro desde Setúbal, a caminho duma seca no Fórum Almada. “Menos Mal Que Nos Queda Portugal”, cantavam os Siniestro Total nos anos 80. Menos mal que me queda la Fnac; vai o condutor pensando para com os seus botões.
 
A filha – 16 anos – lança a partir do banco de trás:
“Qual era a tua banda preferida quando tinhas a minha idade?”
“Talking Heads. Não… The Clash”, responde o pai.
“E a tua?”, agora para a mãe.
“Queen!”
“Eheheh!!! Não tem nada a ver!”.
“Pois… é o mesmo que gostar muito do Arrastão, mas acabar a casar por amor com a Atlântico…”; comentário do pai.
 
Parêntesis: esta foi uma piada que só o pai percebeu.
 
Outro parêntesis: ter como pai um dj de techno minimal, que veio do punk, é tramado para os putos. O choque de gerações deixa de se fazer, também, pela componente musical. Menos um ponto para os filhos.
 
(Na foto roubada ao Guardian, os The Clash)
 
 

Porque é preciso lembrar

por josé simões, em 09.04.07

 

Foi a negação de Deus. Foi a negação do Homem. Foi a destruição do mundo em forma de miniatura.

 

Hugo Gryn sobrevivente de Auschwitz, in Holocaust.

 

Via Revista Atlântico - blogue.