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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Chicote neles! (II)

por josé simões, em 21.07.07

Afinal parece que os “nossos” queridos patrões não querem vir a poder despedir ninguém por motivos políticos ou ideológicos. “” (!) querem que a legislação seja alterada, de modo a que a norma que obriga à reintegração do trabalhador despedido de modo ilícito, acabe. Por outras palavras, em português “das fábricas” e “das empresas”, querem poder despedir sem justa causa. Ou seja, o termo é tão vasto que abrange o político e o ideológico, apesar de não ser essa a sua intenção; dizem e juram a pés juntos: por quem nos tomam!? Por amor de Deus!

Ah! E também querem outra coisa de somenos; e como já o disseram pelo menos duas vezes e em ocasiões diferentes, não há forma de o virem a negar: restringir o direito à greve, e retirar aos sindicatos o exclusivo da capacidade para negociar os contratos colectivos. A UGT de Torres Couto de cálice de Vinho do Porto erguido a brindar com Cavaco Silva primeiro-ministro acabou, – para infelicidade dos patrões -, enredada nos escândalos dos Fundos Comunitários para a Formação. A UGT de João Proença vai servindo os intentos, mas pelos vistos não o suficiente. Talvez o homem seja demasiado esquerdista…

Até estou a ver com quem os patrões gostariam de negociar a contratação colectiva. Arranjam-se por aí uns quantos daqueles personagens asquerosos que pululam em todas as fábricas, e de que nenhum trabalhador digno do nome gosta, e que dão pela alcunha de engraxadores-bufos-lambe-botas e está o contrato assinado.

 

Quanto melhor conheço os patrões portugueses, mais invejo quem trabalha por conta própria.

 

Post-Scriptum: Este é um tema em que me sinto particularmente à-vontade para falar porque não sou sindicalizado. Tentei a CGTP, mas exclui por motivos ideológicos. Equacionei a UGT e acabei por também excluir, no meu entender, por motivos ainda mais graves: éticos e “sentimento”de classe.

 

Chicote neles!

por josé simões, em 20.07.07

Notícia o Público hoje que, as confederações patronais (CIP, CTP, CAP) «reclamam a revisão do artigo 53º da Constituição, o qual garante aos trabalhadores a segurança no emprego, proibindoo despedimento sem justa causa por motivos políticos ou ideológicos”». (Negrito meu).

Era um assunto pendente, logo desde o dia 26 de Abril de 1974, na agenda dos patrões em Portugal. Parafraseando um slogan dum grupelho marxista-leninista-estalinista-maoista da época, a AOC – “Crava uma espinha na garganta do Cunhal” –, era uma espinha cravada na garganta dos patrões: a proibição de despedimentos por motivos políticos ou ideológicos.

Interessante é que apesar de nunca ter deixado de estar na agenda dos patrões, – camuflado, mas estava lá –, este ponto nunca tenha sido assumido às claras senão agora, sob a governação de um partido que se reclama do socialismo, mas com práticas e derivas totalitárias; com uma assumida tendência controleira e reguladora, nunca vista em 30 anos de democracia, e que a seu tempo têm sido denunciada na comunicação social e nos blogues; mais nestes últimos que nos primeiros. E quando os bons exemplos vêm de cima…

Eu até me atrevo a propor mais uma alínea à proposta dos patrões: reactivação dos postos da GNR que no tempo de Salazar haviam à porta de todas as fábricas e unidades industriais, para melhor vigiar estes perigosos comunistas.

 

A Bem da Nação! Tudo Pela Nação, Nada Contra a Nação! Amén!

 

Adenda: A partir de meados dos anos 50 do século passado, e passado que tinha sido o “terror estalinista” e o hábito dos julgamentos que invariavelmente conduziam à pena de morte por enforcamento dos “perigosos conspiradores”, nos países do ex-Bloco de Leste, a todo aquele que discorda-se da orientação política do regime era-lhe vedado o acesso a empregos no Estado, serviços de saúde, e até ao ensino universitário. Na maioria dos casos estas sanções eram extensíveis a toda a família do proscrito. Qualquer semelhança com a reivindicação dos patrões portugueses para o despedimento por motivos políticos ou ideológicos é pura coincidência; como é óbvio…