"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os dias do grotesco que é um primeiro-ministro no exílio, de pin na lapela, em inaugurações a convite de Câmaras da cor, de voz grave e olhar vazio em tournée de palestras tem os dias contados. Sentença lida:
Debates radiofónicos matutinos. Para velhos. E desempregados. Não abrangidos por estágios e acções de formação avulso. Faz sentido no pós troika. É que mesmo nos 70's os folhetins passavam na hora do almoço. Portugal, século XXI, internet, online, redes sociais, interactivo, stream, iPhones e androides e tablets e isso e recibos e facturas electrónicas.
A menina [Uma nova emigrante fora da zona de conforto? Uma embaixadora da boa imagem de Portugal? Uma embaixatriz casada com um embaixador da boa imagem de Portugal?] está triste nas margens do Sena em Paris…
O iPhone apita. É uma mensagem da Mãe Pátria, Portugal, que é masculino, mas Pai Pátria não fica lá muito bem.
É o José Luís Asnô que, lá do escritório de advogados e da administração dos aeroportos, onde foi colocado por mérito e competência, "acredita que a estabilidade seria melhor presente de Natal que PS e Governo poderiam dar a Portugal", e mais as boas festas da irmã ao som de Pedro Abrunhosa.
A menina fica muito feliz e de coração quente.
WTF, Antena 1??? Novos emigrantes, forçados + José Luís Asnô, instalado do sistema + Pedro Abrunhosa, instalado da música sou-muito-bom-os-novos-que-aguentem-que--me-deu-muito-trabalho-para-chegar-até-aqui, a sério?!
Fosse ainda o maquiavélico Miguel Relvas ministro da Propaganda e podia jurar que a ideia é passar ouvintes para a concorrência privada até acabar de vez com a rádio pública.
Dada por um sócio de um escritório de advogados para os milhões que os contribuintes dão a ganhar, por via do dinheiro dos seus impostos, a escritórios de advogados, bancos, empresas de consultoria, assessorias e o diabo a sete, dos amigos do senhor António Borges.
E os bloggers vestidos de branco, ‘obviamente, pela liberdade’, ocupados que estão na chafurdice do pote atafulhados que estão em trabalho, por via das nomeações para os ministérios e secretarias de Estado e assessorias diversas, não dão sinais de vida quando mais a Liberdade e a Democracia precisava deles.
(Na imagem Lorraine Golden, a University of Chicago grad student, tests a radio set she constructed for an electronics class, October 1942, via Chicago Tribune)
Quem sintoniza uma determinada estação de rádio fá-lo pela música, pela cobertura noticiosa, pelos debates e pela opinião, ou até pelos relatos desportivos; não obrigatoriamente por esta ordem. Nunca pela informação de trânsito, que é qualquer coisa que vem por acréscimo, como os “compromissos publicitários”. Aliás, as informações de trânsito servem para o automobilista ser avisado com antecedência e poder escolher alternativas à “ratoeira”, nunca para saber qual ou quais as razões por que o tráfego não flúi.