"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Depois de termos ficado todos a saber que António Mexia não é do PS, pelo silêncio dos minions da direita radical e liberal, 24 horas/ dia de plantão às redes, e pela ausência de comentário por parte dos comentadeiros avençados e com emprego para a vida nas televisões do cabo, ficamos agora também a saber que Artur Trindade não é socialista, nem sequer tem filiação partidária e foi secretário de Estado de um Governo incolor e inodoro, nem o seu primeiro-ministro à época tem alguma coisa a ver com o caso, aos contrário de outros primeiros-ministro que sabiam sempre de tudo, se não sabiam, tinham obrigação moral e ética de saber, e se dizem que não sabiam é porque estão a mentir com quantos dentes têm na boca.
Das rendas da energia, que não escaparam à troika no Memorando de Entendimento – "Esquemas de apoio à produção de energia em regime especial", e sobre o Governo, em dois anos, ter falhado todas as metas e objectivos a que se propôs, não tugiu nem mugiu.
Os funcionários das empresas chinesas nacionalizadas «no fundo, não têm em consideração o contexto». Nem querem saber. E adaptam-se facilmente às práticas da pátria-mãe: ausência total de direitos e garantias, debaixo da bandeira do partido e por cima de toda a folha.
Vá-se lá saber porquê, não lhe deu para dizer que os preços da electricidade abaixo da média europeia lhe pagam um salário de 3,1 milhões de euros, superior ao do presidente da Microsoft, Steve Balmer, ou do falecido Steve Jobs da Apple, e que, desde 2006, já acumulou remunerações superiores a 11 milhões de euros. Esta gente não presta.
Vamos ganhar tanto dinheiro com o "negócio da China" [de toda e qualquer relação comercial proveitosa apenas para uma das partes] que, num futuro mais ou menos próximo, quando a China for uma sociedade democrática e com uma economia aberta e o Governo chinês abrir mão, total ou parcialmente, do capital das empresas, já estamos na pole position para entrar no Império do Meio pela porta grande e fechar o ciclo de grande potência global, 500 anos depois.
Desde o dia 23 de Março que ando para aqui a matutar com uma dúvida que não me sai da cabeça, e que, por mais que tente, ainda ninguém me conseguiu cabalmente esclarecer. Surgiu nesse dia, após ter lido no caderno Economia (página 8) do Diário de Notícias que:
“Preços da electricidade vão subir com as renováveis – Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos afirmou ontem que o aumento da produção de energias renováveis vai encarecer as tarifas de electricidade no curto prazo.”
Ora se as energias renováveis – passe a repetição – são renováveis por estarem mesmo ali à mão, não estando com isso sujeitas às variáveis do mercado; como sejam os aumentos do preço do petróleo ou do gás, independentes de guerras, regimes políticos ou até de amuos de governantes, porque é que os preços da electricidade vão ter inevitavelmente de subir, com o também inevitável aumento de produção decorrente de um cada vez maior recurso a este tipo de energia?
A dúvida adensou-se hoje ainda mais, e também por “culpa” do caderno Economia (página 8, ele há coincidências!) do DN, com uma noticia:
“”António Mexia pode ganhar até 4, 2 milhões de euros de salário da EDP, no total do seu mandato (três anos), graças às novas regras de remuneração da eléctrica nacional.”
Mais à frente:
“(…)vai receber por ano, um ordenado fixo de 600 mil euros brutos, mais uma remuneração variável anual, que pode chegar a 100% desse salário. A este montante poderá acrescentar uma outra remuneração plurianual, no final de mandato (também 600 mil euros). Ou seja, se a empresa liderada por Mexia cumprir todas as suas metas, ele pode receber o equivalente a sete ordenados brutos.”
O sublinhado é meu porque, e apesar dos balúrdios que António Mexia irá receber, aqui é que está o cerne da questão.
Uma empresa que vende a 10 milhões de portugueses um bem essencial e, last but not the lest, é a única posicionada no mercado a fazê-lo, quais são as metas que o seu gestor tem de cumprir para justificar tamanho salário mais prémios?
É o mesmo que ser dono de um oásis no deserto! Dê o mundo as voltas que der, todo lá têm de ir.
Esta noticia de hoje, faz-me saltar como uma mola para a do passado dia 23 que, a páginas tantas, citava as palavras de Vítor Santos, presidente da ERSE:
“Para já, defende a necessidade de se criarem mecanismos que estimulem a “produção de energias alternativas de forma eficiente.””
Apesar de continuar a não perceber qual a razão das renováveis irem inevitavelmente encarecer a minha factura mensal à EDP; no que concerne ao salário principesco de Mexia, começa a fazer-se luz; nomeadamente no que respeita a “cumprir todas as suas metas”.
“António Mexia, o presidente da EDP aponta para uma redução de 1 100 trabalhadores no grupo em Portugal e Espanha. E espera financiar as rescisões de contratos de 600 empregados com o preço da luz”
Noticiava o Diário de Noticias (DN), caderno Economia, na edição de ontem.
Também no DN se noticiava que, a ERSE estava a estudar os benefícios que estas medidas trariam para os consumidores.
Confesso que a noticia me passou totalmente despercebida; só me dei conta quando li uma chamada de atenção no blogue Kontratempos.
“Preço da luz pode cair 2, 5% ainda este ano”
Lê-se no mesmo jornal, no mesmo caderno.
Com a devida referência, faço minhas as interrogações do Kontratempos:
- O avençado Santana Lopes está entre os prováveis a despedir?