"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Enquanto se fala na Maçonaria e na Opus Dei não se fala no "homem invisível" que se movimenta e governa a vidinha dentro do "arco da governação" mesmo que contra o interesse público comum.
"Outros feirantes, portugueses de gema". Separava assim, na Quadratura do Círculo na SIC Notícias, o Conselheiro de Estado António Lobo Xavier os ciganos feirantes dos outros feirantes, mais claros e que não cheiram a fumo, deduz-se. 500 anos de gerações nascidas em território nacional sem direito a nacionalidade. Nem portugueses de clara nem portugueses de gema. De gema, como o Conselheiro António Lobo Xavier, daquela categoria que nos 80s se ria muito com a anedota da mulher do Samora Machel apresentada ao Presidente português em visita de Estado.
Paulo Núncio, militante do CDS, nomeou Lobo Xavier, militante do CDS, para presidir a uma comissão que vai avaliar a reforma do IRC, elaborada por uma comissão presidida por Lobo Xavier, o militante do CDS.
Aqui estou eu disponível para contribuir para a redução das receitas fiscais do Estado, que terá de ser compensada por cortes nas funções sociais do Estado ou num aumento de impostos sobre o trabalho, que é como quem diz numa redução do rendimento efectivo dos cidadãos e, como ainda assim não vai chegar, porque o dinheiro não estica nem nasce do chão, eis o álibi perfeito para o Estado se demitir de algumas das suas funções, não há dinheiro não há palhaço, que serão asseguradas pelo sector privado, para quem puder pagar, quem não puder temos pena, que se aguente e que espere pela senhora Jonet e pela Igreja, e também porque, depois destas engenharias e arquitecturas económicas, ninguém se vai lembrar de perguntar porque é que apesar de tudo, e de todas as reformas e de todas as receitas fiscais oferecidas ao capital e de todos os aumentos de impostos ao trabalho, a economia não cresceu, nem o investimento veio em catadupa e aumentou o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, porque quem está de barriga vazia, e com a corda na garganta, porque lhe sobra mês no final do ordenado, não tem especial apetência para fazer perguntas.
E nem sequer falamos/ falámos das pequenas e médias e micro empresas que, pelos vistos, no país do homenzinho cheio de "sentido de Estado" e muito preocupado com a captação de investimento, nem têm importância nenhuma nas reformas fiscais que se mostra disponível para debater com muita responsabilidade.
[Imagem "Three unidentified men making notes while working the floor at the Merchandise Mart", Stanley Kubrick, Chicago, 1949]
Como se os "investidores" investissem subordinados a agendas e estratégias políticas e económicas, mais ou menos bem intencionadas, dos governos, e não na mira do lucro, e quanto mais, e mais rápido, e mais fácil, melhor.
E o mais curioso é isto ser dito, e feito, pelo CDS "intelectual", o da lengalenga das empresas e empresários riqueza das nações, das empresas geradoras de emprego, das empresas geradoras de crescimento económico, ignorando a verdadeira riqueza das nações – as pessoas.
Pode ser que me engane mas acabamos de assistir à apresentação, com pompa e circunstância, de mais um flop das mui famosas "reformas estruturais" deste Governo.
Não, o Governo das empresas e das marcas não nomeou o secretário-geral da CGTP para presidir a uma comissão encarregue de propor ao Ministério da Economia uma reforma «profunda e abrangente» do Código do Trabalho.