"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Governo fecha as portas ainda mais à imigração. "Economia terá que se adaptar". TGV, terceira travessia do Tejo, novo aeroporto. Já faltam 100 mil, segundo os patrões, mas a "economia terá que se adaptar", e ainda nem começaram as obras do século. O Governo que não consegue fixar os indígenas altamente qualificados, que emigram por causa dos salários para países com a carga fiscal superior aquela que o Governo baixou para os reter por cá, é o mesmo Governo que quer receber menos imigrantes, dando preferência clara aos "altamente qualificados". TGV, terceira travessia do Tejo, novo aeroporto. Pedreiros, serralheiros, soldadores, carpinteiros, cofreiros, electricistas, pintores etc, etc, altamente qualificados, com doutoramento, mestrados e MBA, em empreitadas, sub empreitadas, e sub sub empreitadas. Há os patetas, e depois há os que gostam de ser tomados por patetas.
No ano em que todos aprendemos que o que antes todos tínhamos aprendido afinal estava errado, que a Lei não é para interpretar literalmente mas antes que a Lei é a Lei mas...
- As pessoas vão para a política por facilidades nos negócios com o Estado?
- As pessoas têm negócios com o Estado por facilidade no acesso aos decisores políticos?
- Ambas as anteriores fazem sentido e complementam-se?
- Pedro Passos Coelho tinha razão quando dizia ser necessário "aliviar o peso do Estado na economia"?
- Ou entes é preciso aliviar o peso dos partidos no Estado?
- Uma das grandes conquistas do 25 de Abril foi alargar o espectro do "vira o disco e toca o mesmo" na relação de umas quantas famílias com o Estado, a democratização do clientelismo?
- Qual é o papel reservado ao cidadão anónimo que não a abstenção como forma de protesto ou o voto num qualquer justiceiro que lhe apareça a prometer disciplinar a causa pública?
No telejornal da SIC Notícias de 8 de Novembro, no frente-a-frente com Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, o deputado do PSD António Leitão Amaro, afirma, sem pestanejar e sem se rir, que o anterior Governo [PSD/ CDS] proibiu a legionella por decreto.
Primeiro o aviso de que nem todo o Panama Paper é Panama Paper resultante de esquemas fora-da-lei e de lavagens mas também de esquemas juridicamente perfeitamente legais e de lavagens, que a moralidade não é para aqui chamada.
Depois rios de caracteres, escritos nos jornais do economês e nas redes e na bloga, que está de regresso depois de 4 anos de interregno, pelos ideólogos liberais do “social-democrata, sempre!”, o primeiro-ministro no exílio Pedro Passos Coelho, pedagogicamente a ensinar ao pagode ignaro que planear fiscalmente a fuga ao pagamento de impostos, altos, é uma coisa bué louvável, compreensível e aceitável face ao Estado ladrão, e que a fuga aos impostos, baixos, também, que o Estado, ladrão, só atrapalha o direito do mais forte à liberdade no capitalismo que se quer selva.
Chegou agora [do estrangeiro/ de Marte]. Anda cá por ver andar os outros. É tontinho. Quer fazer dos outros parvos. Não lê as notícias. Fala porque tem de dizer alguma coisa. O PSD chuta com o pé que tem mais à mão. Não tem respeito pelos eleitores. Caiu ali de pára-quedas [para preencher quotas/ porque a mãe o mandou ao pão]. É o que se pode arranjar.