"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Discrição, recato, fiabilidade, boca cerrada, três das qualidade exigidas a um banqueiro. Como António Domingues manchou a sua reputação por andar, ressabiado, com segredinhos de pé de orelha a António Lobo Xavier, administrador da sua entidade patronal - o BPI, Conselheiro de Estado nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República.
Quando nos governos de direita é o saltitar entre empresas privadas e cargos de administração pública, ou até para tutelar ministérios e secretarias de Estado com a tutela das áreas de onde se veio, como no caso de Maria Luís Albuquerque e Sérgio Monteiro, por exemplo, no privado a negociar com o Estado e, depois no Governo, a supostamente renegociar com o privado o que antes haviam negociado, é o Estado a necessitar dos melhores que, vá-se lá saber porquê, estão sempre no privado, bancos incluídos, e posteriormente os melhores a não poderem ficar castrados da sua carreira profissional, e do seu futuro no sector privado, só por terem feito uma comissão de serviço, também supostamente para defenderem os interesses do Estado, que é como quem diz, os interesses de todos os cidadãos, em economês, o dinheiro do contribuinte, se bem que os resultados finais desse amor pátrio e da defesa do interesse comum seja sempre a delapidação do património do Estado mais o onerar da carga fiscal e dos sacrifícios exigidos a cada um.
Nem sei o que é mais preocupante, se o que António Domingues e a nova administração da Caixa Geral de Depósitos têm a esconder que lhes leve a fazer finca-pé e não tornar públicas as declarações de rendimentos, nem que para isso tenham de "desobedecer" ao Tribunal Constitucional, se a insistência de António Costa, de Mário Centeno, do Governo do Partido Socialista. no nome de António Domingues, o último banqueiro honesto e credível à face da terra ou a the next big thing do negócio bancário.
"Ao accionista", ou seja a todos os portugueses, contribuintes, por interposta pessoa, o Estado, que o Governo é um eufemismo para aqui chamado para, num golpe de ilusionismo, esconder a falta de transparência. Mais respeito pelas pessoas, sff.
O telejornal do Mário Crespo na televisão do militante n.º 1 convida a jornalista Maria João Gago do Jornal de Negócios "para nos ajudar a perceber" os contornos da contratação de Mário Domingues para a Caixa Geral de Depósitos e para nos avisar que "os banqueiros privados são o alvo principal do PCP e do Bloco de Esquerda". No país de João Rendeiro, Oliveira e Costa, Jardim Gonçalves e Ricardo Salgado, assim só os mais sonantes, banqueiros com os portugueses como alvo principal. "Obrigado pela tua análise", rematou a menina que ficou no lugar da Ana Lourenço.
Quando no passado dia 23 de Setembro, no debate quinzenal no Parlamento, António, o Costa, sacou do "de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades" não se estava a referir a António, o Domingues, pago principescamente para despedir trabalhadores rescindir amigavelmente contratos de trabalho, a fórmula mágica da gestão na reestruturação de empresas, uma espécie de Horta-Osório dos pequeninos, comparativamente com o verdadeiro António, o Horta-Osório, pago pelo contribuinte britânico ao peso de Cristiano Ronaldo para despedir milhares, ou estava?