||| Professor Karamba
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A gente liga a televisão e vê o Presidente da República a discursar, numa primeira parte em modo câmara de eco do Governo e porta-voz da propaganda governamental, numa segunda parte em modo relatório e contas e auto-elogio, eu fui ali, eu participei acolá, eu estive presente não sei onde, eu organizei aquilo. Um fartote. Depois a gente olha para as letrinhas no rodapé à altura da cintura do Presidente da República e percebe que aquilo é a "cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo do corpo diplomático". Faz sentido uma lengalenga de pregoeiro em dia de mercado numa cerimónia daquelas para aquela audiência? Para o Presidente do Governo de iniciativa presidencial se calhar até faz mas lá que é muito feio é.
O Presidente que suporta um Governo que tem Paulo Portas como ministro a alertar os cidadãos para os perigos do populismo. De gravata à Barça, sentado ao lado de uma secretária enfeitada com uma moldura com duas das pessoas que mais lucraram com as acções da Sociedade Lusa de Negócios não cotada em bolsa, a avisar para a transparência na vida política e nos políticos, permutas de casas e pagamentos de sisas à parte. Cavaco Silva a ler no teleponto, colocado ao nível do cinto das calças do telespectador, as promessas não cumpridas pelos políticos, como "cumprir e fazer cumprir a Constituição da República" garantir "a unidade do Estado" e "o regular funcionamento das instituições democráticas". Cavaco Silva e o combate à corrupção, que é uma obrigação de todos, sem sequer ter visitado, nos dias da prisão, os amigos e os camaradas de partido e os ex-secretários de Estado e os ex-ministros por si inventados.
E ainda faltam 365 longos e penosos dias até ao dia da abalada de Cavaco Silva e a questão que se coloca é se o dinheiro ganho pela RTP com a transmissão dos jogos da Liga dos Campeões compensa o dinheiro perdido pela RTP com o afundamento das audiências e a perda de receitas publicitárias por causa das comunicações de Cavaco Silva ao país.
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«Podes trabalhar domingo? Yes, boss! Tu és capaz de cumprir ordens? Sim, comandante! Mexa a cabeça: Para cima! Para Baixo!»
Para agradar aos mercados, à Goldman Sachs, aos herdeiros de Mao, vamos todos adoptar como lema do dia-a-dia o spot da Citroën, "Vá, agora todos: Sou Um Yes Man!"
[Em letras pequeninas: Mas já experimentou dizer Não?]
«A principal acusação porventura mais forte e mais especiosa contra mim, é a de que, segundo meus juízes, meus escritos contêm doutrinas novas, perigosas, perniciosas e tendentes à sedição.»
In: DISCURSO PATÉTICO SOBRE AS CALAMIDADES PRESENTES SUCEDIDAS EM PORTUGAL, Francisco Xavier [Cavaleiro] de Oliveira, 1756.
BOM ANO DE 2010!
Bom Ano Novo!
(Dorothy Lee & Thelma White na imagem)