"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Foi praxis dos totalitarismo do séc. XX, o nazi e o soviético-estalinista, desumanizar o outro, o adversário político e o adversário dentro do próprio partido, no caso soviético, de forma a que depois já "inimigo" fosse aceitável a sua punição, o seu extermínio aos olhos da população. "Parasita", "Insecto", "Rastejante", "Verme", "Rato", "Vírus".
Recorrer do adjectivo "reles" com referência a adversário político é substantivo de quem o profere, o mais baixo actor político da história da democracia. Confrontar e atacar constantemente tudo o que respira para se calimerizar, de Calimero, vítima de confrontação e ataque constante, quando nem sequer a 3.ª Lei de Newton entra na equação. Stor, o Bloco é que teve a ideia mas nós chegámos primeiro, mi-mi-mi. O partido do taberneiro com os bêbados ao balcão.
Diz que o Chaga vai inventar uma "federação sindical de direita" com "áreas-chave" como "as polícias, os professores, os quadros da administração pública, os profissionais de saúde e os profissionais de segurança". Vai servir essencialmente para se perceber até onde chegou a desistência da esquerda que é o campo onde o fascismo prospera, deixado livre por falta de comparência, falta de respostas, perda de ligação à base provocada pelo sindicalismo profissional e profissionalizado, dirigido a partir de cima por "centralismos democráticos" variados, nunca como resultado da decadência do capitalismo e estádio avançado do imperialismo e outras tretas que tais papagueadas desde 1919. Foi assim no início do século XIX em Espanha, França, Itália, com a passagem de milhares de comunistas, anarquistas, anarco-sindicalistas, da esquerda para a Falange, os Fasci di combattimento, ou Jacques Doriot, directamente do Partido Comunista Francês para a fundação do Partie Populaire Français. De fascismo percebe o nojeira Pinto, o advogado de Salazar nos Grandes Tugas que não gosta de aparecer em fotos ao lado do Ventas. É aguardar para ver quem aprendeu alguma coisa com as lições da História.
A superioridade moral do "novo" PSD, como se intitulou a tralha passista recauchutada à roda de Luís Montenegro, e rapidamente papagueado por toda a comunicação social, camarada e amiga, não lhe permite dizer "o PS governou com a extrema-esquerda mas nós não vamos governar com a extrema-direita porque temos princípios e somos moralmente superiores". É precisamente o contrário, legitimam a extrema-direita invocando uma pretensa "extrema-esquerda". Sabem muito.
Diz o jornal que não vende, especializado em venturices, que o Chaga vai apresentar uma federação sindical, em território comunista e socialista, para roubar a rua e o protagonismo aos comunistas e socialistas. O resto é História, do triunfo dos fascismos, quando a esquerda e o movimento sindical de esquerda desistiram da rua, do trabalho, da vida das pessoas, ou se embrenhou em discussões e lutas estéreis sobre merdas, é este o termo exacto, que lhe eram alheias. Quem quiser investir 35 paus e abdicar de passar umas horas por dia no Twitter e Facebook em discussões e lutas estéreis sobre merdas, o João Bernardo, sem nunca sair das primeiras décadas do século XX, explica este "novo" sindicato a nascer no séc. XXI.
O Ventas e o Chaga não são contra a imigração, o Ventas e o Chaga são contra a imigração legalizada, aqueles que vêm para o nosso país à procura de melhor qualidade de vida, para si e para os seus, a qualidade que não encontram no país de origem, tal e qual a diáspora portuguesa desde sempre, aqueles que trabalham mais do que lhes é exigido sem respingar, aqueles que descontam e pagam impostos e contribuem para a sustentabilidade da Segurança Social. O Ventas e o Chaga, na sua cruzada contra a imigração, o que pretendem é que Portugal seja uma imensa estufa em Odemira, um olival em Beja, um amendoal no Alqueva, de trabalho escravo, sem direitos nem garantias, de mais-valia absoluta para o empregador, os financiadores anónimos do Chaga.
Não é nenhum burro e muito menos um matacão, é licenciado em Direito, com 19 valores, e doutorado em Direito Público, sabe antecipadamente que os projectos que insiste em submeter a discussão serão vetados por manifesta inconstitucionalidade, mas insiste e insiste e insiste e voltará a insistir. O paladino da verdade e da justiça, interprete do sentir do povo, contra a corrupção e a imoralidade. Intruja e charlatão que é joga com a genuína indignação da iliteracia jurídica dos pobres de espírito, aqueles que acreditam piamente naquilo que apregoa. É um jogo jogado em duas frentes, a sua, a do conteúdo para atingir a forma, a dos aios e escudeiros, apenas meia dúzia de degraus acima da turba na capacidade de raciocínio e interpretação, mascarados de intelectualidade no chorrilho de salamaleques de escrita,no ataque à forma para destruírem o conteúdo.
Luís Montenegro, no congresso do PSD, a lamentar o desinvestimento socialista na saúde e escola pública e a criticar o estado lastimoso em que o PS meteu o Serviço Nacional de Saúde e a educação, enquanto por dentro rejubila com o meio caminho andado para a privatização do que resta caso chegue um dia a primeiro-ministro, implícito no discurso do Estado que atrapalha a iniciativa privada e no "preconceito ideológico".
André Ventura com a mesma lengalenga do pai da criança, Passos Coelho nos idos do Governo da troika com Vítor Gaspar sentado à direita, do valor miserável do subsídio de desemprego e RSI que era urgente reduzir, no montante a pagar e na duração temporal, para obrigar os calaceiros e manhosos, que involuntariamente se viram na situação de desempregados, a procurarem os empregos que não havia por causa das milhares de falências de empresas e negócios no ajustamento de "ir além da troika", e a aceitarem por qualquer preço o que lhes aparecia pela frente. Ou na redução da indemnização a pagar pelos patrões, ainda assim não surgisse uma vaga de novos milionários à sombra da bananeira. Um diz que o passado se chama Passos, outro o que diz remete para Passos.
Mas quem será? mas quem será? mas quem será? O pai da criança, eu sei lá, sei lá, eu sei lá, sei lá
[Link na imagem print screen da conta Twitter do Ventas do Chaga]