"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Tivemos Rui Rio encostado às cordas por André Silva do PAN no debate para as legislativas na RTP. Chegou a ser confrangedor ver o líder do PSD, com décadas de vida política, invocar Carlos Coelho, que ninguém nascido pós 25 de Abril sabe quem foi, para chutar para canto argumentação em modo tareia que estava a levar do único deputado eleito por um partido nascido anteontem.
Hoje na SIC António Costa não chegou ao ponto de ser encostado às cordas como Rui Rio mas passou 15 minutos da metade que lhe coube à roda da "neutralidade carbónica", sem ter aprendido nada com o debate anterior ou sem que os seus assessores o tenham alertado e instruído para a ratoeira, sempre à defesa, como Rui Rio, sempre numa posição de inferioridade de quem se vê na obrigação de se justificar. Clara de Sousa mudava a agulha e 30 segundos depois lá estava André Silva de volta à "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre a dívida pública? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre a sustentabilidade da Segurança Social? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre as leis laborais? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre o Serviço Nacional de Saúde? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre _____________________ [preencher a gosto]? "neutralidade carbónica".
Enquanto Hugo Soares, o deputado do PSD cujos únicos contributos conhecidos para a democracia são o ter feito de his master’s voice com um referendo à co-adopção nos intervalos de passar manhãs e tardes no Parlamento a mandar bocas à oposição e a dizer "muito bem!" quando os seus correligionários discursam, gozava à descarada com o deputado do PAN, André Silva, demonstrando uma total falta de respeito e de educação, que se adquire em casa e não com o exame da 4.ª classe, o "primeiro-ministro no exílio", Pedro Passos Coelho, acompanhado de grande burburinho nas bancadas PàFiosas, abandonava o hemiciclo durante a intervenção do primeiro-ministro de facto, aparentemente em protesto por António Costa ter usado o termo "mavioso" para adjectivar Paulo Portas.