"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Há que tirar o chapéu a António Costa quando saca da cartola o argumento de que "é mais importante contratar mais funcionários públicos do que aumentar os salários". O Bloco de Esquerda, com reduzida implantação na Função Pública e percebendo a armadilha, embatucou e fingiu que não tinha ouvido nada. O PCP, Jerónimo de Sousa, que ainda a semana passada disse no Parlamento que "há já muitos anos que por aqui ando", engoliu o isco e quando se deu conta da esparrela desviou a conversa para "a dívida pública impagável e o dinheiro que não há para nada mas há para os bancos", argumento justo e bonito, de resto, mas que não tem nada a ver para o caso porque, como disse e bem, a opção é política e o dinheiro vai ser sempre gasto, seja em aumentos seja em contratações, deixando o secretário-geral dos comunistas de fora os que já estão de fora, os desempregados, e encostando-se onde António Costa o queria encostado, ao partido da Função Pública, com toda a carga que isso tem no resto do país, nos outros, nos que não trabalham para o Estado.
Vem então os 'pontas-de-lança' dos partidos nos sindicatos, um para fazer prova de vida e outro para interpretar o papel que lhe foi destinado representar, invocar "os baixos salários" e "o congelamento de carreiras e de aumentos salariais". Mais dois encostados nas cordas ao lado de Jerónimo de Sousa, com as progressões nas carreiras e aumentos salariais no sector privado que não há só porque sim e porque a velhice é um posto como na tropa macaca, e com a falência do Estado, a manter o emprego a todos os seus funcionários, paga com a falência, o desemprego, a emigração, a miséria de milhares no sector privado e com o congelamento salarial e precariedade para os que ficaram.
Alguém devia ensinar às Anas Avoilas desta vida uma conta simples de fazer: quando uma empresa privada abre falência, fecha as portas e todos os que lá trabalhavam vão a caminho do desemprego - sobrecarregar a Segurança Social, e mais o cortejo de miséria que os precede - família, filhos. contas para pagar e, com muito boa sorte, dependendo da idade, depois de muito penar vão iniciar uma carreira para outras bandas e tentar progredir a partir do zero sem metade dos direitos e garantias.
Como o patrão das Anas Avoilas deste vida como não abre falência, sobrecarrega os trabalhadores do sector privado com impostos, algumas deslocalizam, outras abrem falência e fecham portas, e todos os que lá trabalhavam vão a caminho do desemprego - sobrecarregar a Segurança Social, e mais o cortejo de miséria que o precede - família, filhos. contas para pagar e, com muito boa sorte, depois de muito penar, vão iniciar uma carreira para outras bandas e tentar progredir a partir do zero sem metade dos direitos e garantias.
Com o pior Governo da curta história da Democracia portuguesa preso pelos fios do pior Presidente da República da curta história da Democracia portuguesa; com o país prestes a entrar na pior crise social e económica de que há memória, a melhor maneira de dividir os trabalhadores e de os colocar uns contra os outros passa por expor à opinião pública, sem qualquer tipo de comentário ou observação, só as coisas como elas são, a "equidade" entre o sector privado e o sector público. É triste mas é verdade.