"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
"Ó senhor agente, não me bata nas costas, bata-me nas nádegas, se faz favor". "Ó senhor agente, já me bateu muito nesta face, eu dou a outra. Obrigado". "Ó senhor agente, tenha calma que eu ponho-me a jeito, não suje a farda".
Só há duas razões para a candidata do Chega pelo PSD à Câmara da Amadora nas autárquicas de Setembro ter direito a directos nas televisões na apresentação da candidatura e a entrevista no telejornal da hora do jantar, privilégio não concedido aos candidatos das outras formações políticas à mesma câmara, ou até aos candidatos a outras câmaras municipais, das 308 que há no país:
- A comunicação social gosta da chafurda e da lavasquice, do alarido e do alarme social, da gritaria que lhe dá audiências à laia de reality show;
O líder do PSD, Rui Rio, que não conhecia a cloaca aberta Suzana Garcia, na televisão do Goucha, quando pedia a castração química de pedófilos, para depois o PSD, de Rui Rio, na novilíngua, vir esclarecer que mais não era que" terapia medicamentosa de controle da libido", é o mesmo Rui Rio, líder do PSD, que na TVI viu "um bandalho" a agredir um cidadão e, horas depois, na mesma TVI, não ouvir o cano de esgoto Suzana Garcia pedir o extermínio do Bloco de Esquerda, para logo o partido vir esclarecer que o que a "senhora" queria dizer era uma "pesada derrota eleitoral".
Goucha, um dos maiores normalizadores do fascismo no prime time da televisão generalista, não conhece o poema de Martin Niemöller. Ou conhece, mas a vertigem da guerra de audiências não lhe permite ver que, caso esta gente um dia chegue a ser poder, também o vão buscar a ele, ainda antes de irem buscar os outros.
Ela é candidata à Câmara da Amadora. É evidente que se fosse candidata à Assembleia da República teria outro crivo de análise que não tem como candidata à Câmara da Amadora.
José Silvano, secretário-geral do PSD, sobre Suzana Garcia, aos sete dias do mês de Abril do Ano da Graça de 2021.
Dando de barato que "a direcção do partido desconhecia, até hoje, algumas das posições políticas da advogada e ex-comentadora", isto porque Rui Rio e os aios só vêem a RTP 2 e as bojardas eram proferidas num daqueles canais do cabo, do 200 para a frente, onde só se vai por engano ou quando o comando da televisão cai ao chão, o problema não deixa de ser isso mesmo, um problema, e grave, uma vez que o nome vem proposto de baixo, das bases, da concelhia, que sabe perfeitamente o que está a fazer, caso contrário o nome não surgia, foi pelas suas opiniões, foi pelas suas posições, foi pelo seu mediatismo. A concelhia vai alegar o quê, que também foram ao engano, que só vêem o canal ARTE e o História, quando não está a dar "Os Deuses Astronautas"?
O partido que inventou André Ventura para um ensaio em Loures e se aliou ao Chaga para se alçar ao poder nos Açores, inventa agora Suzana Garcia para a Amadora e recupera Isaltino para o partido, no lugar de onde nunca saiu. A ter em conta a sabedoria popular quando lembra que "quem brinca com o fogo acaba queimado", "quem se deita com crianças acorda mijado", "que quem brinca com braseiras faz xixi na cama", o "processo de radicalização em curso", aconselhado pelo Ventas ao PSD, tem tudo para correr bem a Rui Rio: queimar-se e acordar mijado, não fosse de caminho queimar o partido e mijar o país.
Enquanto uns assobiam para o lado, outros clamam por mais polícia na rua e venha de lá o Dirty Harry e os pretos todos dentro de um barco e despejados na baía de Luanda.
Se tivesse sido ao contrário, a polícia a balear dois presumíveis assaltantes, uns assobiavam para o lado e outros vinham para a rua clamar contra a impunidade policial e a repressão fascista, e vai de manifs em frente à esquadra da polícia lá do sítio e mais a associação não sei das quantas contra estas coisas do racismo.