||| Não há almoços grátis
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Fui ali malhar um entrecosto assado no carvão (excelente, diga-se), num daqueles restaurantes na entrada de Setúbal à beira da N10, onde costumam parar os camionistas e onde uma dose custa 8 euros com tudo incluído, e dá para uma família daquelas inscritas na Ass. Nacional de Famílias Numerosas.
Chega um Mercedes SLK – “qualquer coisa”, com dois cromos equipados como se fossem à tomada de posse do Presidente da República. Sacodem ruidosamente as cadeiras e como não ficou perfeito, chamam a empregada e pedem que as limpe. Pedem à empregada que substitua a toalha de pano que serve de base à toalha de papel. A toalha foi substituída, mas antes que a de papel assentasse, foi necessário substituir novamente a de pano que havia acabado de chegar porque tinha “não sei o quê”. Pedem a ementa e a empregada diz de cor o que havia para comer. “Mas não há ementa?”; “Não”. Pedem a carta dos vinhos e a empregada diz de cor “vinho da casa, Terras do Pó” e um José Maria da Fonseca qualquer. “Mas não há carta dos vinhos?”; “Não”. A empregada coloca em cima da mesa um pires com azeitonas, um cesto com pão e dois cubos de manteiga. “Mas não há entradas?”; “Não”. Inspeccionaram microscópicamente os talheres e cheiraram os pratos (!!!). Tudo isto sem que a rapariga alguma vez mostrasse má cara ou respondesse torto.
Pedi rapidamente a conta e fui tomar café a outro lado (apesar de incluído no menu) porque:
Hipótese 1: - Estava quase a pregar com um osso do entrecosto nos cornos de um dos cromos.
Hipótese 2: - Fui tomado por um inexplicável pavor que um dos cromos agarrasse no telemóvel e chamasse a ASAE, que por sua vez nos obrigasse (a mim e aos camionistas) a vomitar o que tínhamos acabado de comer.
Há pessoal que não fode para não sujar o pau
(Imagem Orient Express via Independent)