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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Um “empresário” português

por josé simões, em 10.06.09

 

Dez euros uma hora de pedalada na Gaivota.

Ora as Gaivotas estão lá desde que me lembro, e desde “que me lembro” é desde o tempo em que se fazia campismo selvagem na Praia do Vau, ali naquele sítio onde agora está uma urbanização para bifes mais feia que o Deus m’acuda, e o Mário Soares era mais magrinho e era aquele gajo que aparecia por lá nos intervalos de andar de avião.  Quer isto dizer que as Gaivotas já estão pagas pra' í 50 vezes no mínimo, e agora é tudo lucro ou retorno como  dizem aqueles engravatados da Bolsa. E algumas gaivotas até exibem publicidade ao Aisseti e ao Rédebule; vai de ensacar mais.

 

E a praia está cheia com’ó caraças e o “empresário" está de óculos escuros debaixo dumas palhinhas que fazem sombra e que ainda custam mais caro que pedalar na gaivota, com cara de a-quem-morreu-a-família-toda-num-desastre-de-avião-da-ére-fransse, e diz para uma de microfone em punho, a quem a televisão pagou um fim-de-semana de trabalho no Allgarve para fazer reportagens idiotas, que o negócio está mau e que há muita gente na praia mas é só pra tomar banho e apanhar sol, que ainda é à borla; Praise The Lord!

 

E não lhe passa pela cabeça baixar o preço da pedalada, porque sempre é melhor ganhar 5 euros por hora por pedalada em Gaivota do que não ganhar nada e estar a chorar em directo para o telejornal. Se calhar está a pensar pedir algum subsídio ao Estado, por interposta pessoa, a Câmara Municipal ou a Região de Turismo.

 

Tenho tanta pena dos “empresários”!

 

(Imagem fanada no Chicago Tribune)

 

 

 

 

Publicidade enganosa

por josé simões, em 03.09.07

 Já repararam bem no cartaz que publicita o concerto de dia 27 dos The Police no Estádio Nacional? Não?! Reparem bem: apresenta a banda como ela era nos anos 80; o tempo não passou por ali – um pouco à imagem do “pneu” de Sarkozy –, o Sting tem cabelo, o Coppland não usa óculos, e, o Summers é magrinho.

Faz-me lembrar os cartazes de promoção turística do Allgarve; apresentam a região aos “bifes” como ela era nos idos de 70, sem casas nas arribas e com praias onde uma pessoa se podia esticar à vontade na toalha, sem correr o risco de enfiar o dedo do pé na boca do vizinho que está mais abaixo (ou vice-versa).
 
No cartaz Sting prega saltos indiferente a osteoporose, qual teenager na ressaca do punk.
O Allgarve também vai pregando os últimos saltos da sua (curta) vida, indiferente à osteoporose que lhe vai minando as entranhas, graças aos PIN’s que vão acabando com o que resta do património natural e da qualidade de vida.
 
Depois queixam-se que ninguém vai. (Aos concertos e à praia).
 
Adenda: Estive no primeiro concerto da banda no Restelo, com o RuiChico-FininhoVeloso na primeira parte. A este não vou, pela mesma razão que não vou ao Algarve: já não tenho idade para ser enganado; no caso dos The Police, por um gajo meia-dúzia de anos mais velho que eu.
 
Adenda à Adenda: Qualquer dia pareço o Miguel Sousa Tavares. Sempre a bater na mesma tecla.

O que eles dizem de nós

por josé simões, em 10.05.07

 “Há uma preocupação nacional com aquilo que os estrangeiros dizem de nós. Não deve haver outro povo que dê tamanho valor à opinião dos ‘gringos’. Será, talvez um resquício da antiquíssima grandeza do País, dos tempos das navegações e do império comercial. Já lá vão séculos. E, findo o esplendor, ficou apenas a vaidade de meter, aos de fora, respeito e admiração. Por isso os turistas dizem que os portugueses são ‘gentis’, não sonhando sequer como, entre nativos, as coisas não se passam assim. É a necessidade de impressionar forasteiros para que não falem mal de nós. Porque para dizer mal de nós, estamos cá nós. Ontem, ouvi, na rua, uma senhora a dizer que não aguentava “as notícias sobre a menina inglesa”, pelo dó que lhe causavam, e acrescentar que só via “as notícias dadas pelos ingleses” para ver “o que eles dizem de nós”. Alguém que explique isto, por favor.

 

Leonor Pinhão no Correio da Manhã, hoje.

Madeleine, o folhetim

por josé simões, em 09.05.07

 Por mais que me esforce, só consigo encontrar uma palavra para definir o folhetim “Madeleine” – asco! Assim. Com ponto de exclamação e tudo.

 

Madeleine de 3 anos, que foi raptada enquanto os papás se enfrascavam em cerveja num restaurante algarvio, deixando-a, e aos irmãos mais novos, entregues a si próprios no apartamento, apesar de o pack de viagem incluir baby-siter. País do terceiro-mundo onde uma pessoa já não pode beber umas “pints” descansado da vida, sem que surja um perigoso pedófilo em cada esquina! A ser nos Estados Unidos e outro galo cantaria! No mínimo, já lhes teria sido retirada a tutela dos outros dois filhos.

 

E que dizer da incompetência da polícia portuguesa que não embarca em folhetins investigação-estectáculo-para-as-primeiras-páginas-dos-tablóides, tão ao gosto da imprensa inglesa?

E da falta de profissionalismo das autoridades que em casos semelhantes, mas com crianças portuguesas, deixa passar 48 horas até iniciar as investigações, e que neste caso concreto, meteram mãos à obra logo meia hora após o sucedido? Meia hora! Tanto tempo para começar a agir! E além disso nem se dignaram fechar as fronteiras!!!

E o que tem o ministro das polícias a dizer sobre a vinda de congéneres de Inglaterra, para ajudarem a Judiciária a deslindar este caso na sua (deles) província de AllGarve? Se isto não é subserviência, eu vou ali e já venho!

 

Envolveríamos os mesmos meios qualquer que fosse a nacionalidade da criança”, afirmou sem se rir, o inspector-chefe da PJ. Viu-se em Setembro de 2004 aquando do desaparecimento de Joana, também no Algarve, e, à época, sem dois ll’s a seguir ao A.

 

E que dizer das televisões nacionais – com a filha da Fátinha Felgueiras em grande destaque na RTP1, o canal público – que montaram tenda à porta do local do crime e, de microfone na mão, conseguem encher directos de 15 minutos nas aberturas dos telejornais, sem dizerem absolutamente nada?! Qual eleições em França! Qual eleições na Madeira! Qual eleições em Timor! Qual crise na Câmara de Lisboa! Isso são fait-divers comparado com a importância do rapto da cidadã britânica!

 

Até Cristiano Ronaldo vem fazer um apelo, na esperança talvez, de o raptor ser um adepto do Manchester United ou da Selecção portuguesa e se condoa… Só faltou oferecer um bilhete para a final da Taça em Wembley, ou para o próximo jogo da equipe das quinas, em troca da petiz!

 

Keil do Amaral, para os que não sabem, foi aquele sujeito que escreveu A Portuguesa – aquela canção que nós costumamos cantar quando há jogos da selecção, mais conhecida por Hino Nacional – como reacção ao Ultimatum Britânico, deve estar neste momento a dar voltas na campa!