"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No tempo de antena do bando de alucinados que Santana Lopes arregimentou para fundar um partido que dá pelo nome de "Aliança", e do qual se pôs ao fresco mais depressa que o trabalho de parto, depois de chocar de frente com a realidade que é o valor da marca "PSD", pede-se "uma direita liberta do passado".
[A imagem é minha, propositadamente desfocada por causa do passado que "está lá atrás"]
Em 1974 conviviam alegremente com pides, legionários e restante bufaria, na bancada da Acção Nacional Popular no Parlamento fantoche do Estado Novo Marcelista. Passados seis meses estavam a assinar o Pacto MFA-Partidos pelo partido ensaiado por Sá Carneiro.
Em 2017 Pedro Passos Coelho ensaia a candidatura autárquica de André Ventura num subúrbio urbano da capital como barómetro para um movimento populista mais amplo a nível nacional.
Em 2020 Rui Rio alia-se nos Açores ao ex-camarada de partido, ensaiado por Pedro Passos Coelho em Loures, como forma de legitimar e maquilhar a extrema-direita que lhe pode ser útil em futuras eleições legislativas, em coligação ou com o apoio parlamentar do partido que acolhe skinheads, fascistas e nazis confessos.
Quando Santana Lopes, depois de se submeter a votos em nome próprio, candidamente conclui que uma das causas para o flop eleitoral do Aliança foi muita gente pensar "que para votar no antigo primeiro-ministro era preciso meter a cruz no PSD", não só choca de frente com estrondo na realidade do valor das suas ideias, do seu peso político e da contribuição para o debate, como também explica porque é que Miguel Morgado, outra nulidade, continua escondido na mentira, sem coragem de se apresentar a votos a dizer ao que vem, como fizeram os "camaradas de luta" do Iniciativa Liberal.
Sabem aquele filme 'amaricano' onde um gajo cheio de dinheiro, um empresário, um mafioso, um dono de um casino, um drug dealer, um rancheiro, um magnata do petróleo, um __________________________________ [preencher a gosto] tem sempre como cenário uma loira com um cão ao colo, que jamais abre a boca, porque essa não é a sua função, e que casou com ele por amor? Ao cão juntemos uma bandeira do Vitória de Setúbal e o título de miss numa latitude exótica que não lembrava nem ao Soljenítsin.
Senhoras e senhores, o cabeça de lista do partido do Doutor Santana Lopes por Setúbal.
Reza que o Doutor Salazar ia um dia a caminho de casa quando se depara com um cidadão, de gatas, num jardim em cima de um relvado onde num aviso constava "Proibido pisar a relva". Deu imediatamente ordem ao pide Rosa Casaco para parar o carro, dirigiu-se ao desgraçado e disse "Então o senhor ousa desobedecer à autoridade do Estado? Não tem a 3.ª Classe? Não sabe ler?" ao que o miserável, de chapéu na mão, cabeça baixa e voz trémula responde "Sabe o Senhor Presidente do Conselho, é que o dinheiro não me chega e venho aqui comer um bocadinho de relva para enganar o estômago". Acto contínuo o Doutor Salazar tira um cartão de visita do bolso do casaco que assina depois de escrever "Este cidadão está autorizado a comer relva em todos os jardins do país".
Adenda: Entretanto, e como a internet não dorme, o "pelourinho das redes sociais", que é o nome dado às redes quando as pessoas pensam pela própria cabeça e não se limitam a servir de câmara de eco ao spin partidário, descobre que a foto é na União Soviética nos anos 60. O triunfo dos imbecis ou o partido do senhor Doutor que serviu de barriga de aluguer da direita radical contra Rui Rio, órfã de Passos Coelho.
Adenda II: Colocado no "pelourinho das redes sociais" o partido do Doutor Santana Lopes apagou o tweet. O triunfo dos imbecis, capítulo II:
Se este é o procedimento com um partido inexistente o Doutor Povo tem legitimidade para se questionar como foi com cargos institucionais, de eleição e de nomeação política.
Miguel Sousa Tavares não só desmonta um pantomineiro em directo com uma só pergunta como obriga o pantomineiro a fazer jus ao epíteto de pantomimeiro quando, ao ver-se encurralado, apanhado com as calças nas mãos, como soi dizer-se, e sabendo do gosto do entrevistador pela caça, tenta introduzir o tema na conversa, como elemento de distracção que lhe dê tempo para respirar, recuperar o controlo e direccionar a entrevista para onde mais lhe convém. E este Circo Santana, com televisões em prime time, já dura pelo menos desde 1976.
"Seguros de saúde para todos. Esta é uma das ideias e medidas concretas defendidas pelo Aliança que, pela voz do líder Pedro Santana Lopes, fechou este domingo o congresso fundador do partido, em Évora."
"Santana Lopes sublinha que "todos devem ter o seu seguro de saúde" porque "é insustentável que só os ricos possam escolher entre o serviço público e o serviço privado"."
Já que as pessoas não compram o jornal em papel, vá-se lá saber porquê, e até já fizemos [fizeram] bué artigos a explicar porquê e convidámos [convidaram] outros bué especialistas para dissecar o assunto e explicar outra vez porquê, e mesmo que ao sábado lhes ofereçamos na edição impressa um código de acesso gratuito à edição online, de segunda a domingo, e mesmo assim as pessoas não queiram saber dos fazedores de opinião na era da democratização da opinião nas "redes", vamos fazer um jornal direccionado às pessoas que usam "pulseiras de equilíbrio", como o doutor Santana Lopes, e que quando entram no café vão logo directas à página do horóscopo do Correio da Manha [sem til] em cima do balcão, e que não o dizem mas até têm consultas semanais com o astrólogo como os amaricanos nos filmes no divã do psiquiatra.
Na SIC Notícias tivemos Pedro Santana Lopes, comentador residente com avença paga, a debater com Carlos César, presidente do grupo parlamentar do Partido Socialista, a criação do novo partido Aliança de... Pedro Santana Lopes. Depois "ai Jesus" que as pessoas não compram jornais, preferem o Goucha e a Cristina aos canais notíciosos no cabo, e nem sequer se dignam sair de casa para ir votar.
Pedro Santana Lopes, o "menino guerreiro" com cabelo à beto imbecil anos 70 [outros são Francisco Balsemão, Zé Pedro Aguiar-Branco, Lobo Xavier] que queria usar cabelo comprido por ser muito rebelde, muito à frente, muito hippie, muito anti-sistema, muito qualquer coisa, mas que não podia, por causa da família e do estatuto social e do salazarento anti-guedelhudo e que, por falta de tomates e de verdadeira atitude "Rebel Without a Cause" o levava a cortar por cima da orelha mas a deixar crescer atrás, num ridículo panisga rabinho de cavalo bonsai, curiosamente a fazer escola nos agarrados ao pó do Pinhal Novo/ Palmela e Bairro da Camarinha/ Setúbal que por isso pensavam iludir a polícia e assim subir no rating da respeitabilidade, que nunca fez mais nada na puta da vida do que viver a expensas do erário público, com boa imprensa que lhe dá tempo de antena para papaguear um partido político mesmo antes e o ser: