"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O que começou por ser um problema português, "as tradicionais má organização e gestão portuguesa", "a má imagem que Portugal dava de si ao mundo", "o SEF entrega ao Deus-dará", pior ainda, "a ruinosa gestão socialista", depressa passou a ser um problema europeu, para já ser o caos nos aeroportos norte-americanos, canadianos e australianos. A seguir vão descobrir que a ganância das companhias aéreas e aeroportuárias despediu milhares de funcionários ao nível global, porque a margem de lucro do patrão e do accionista é sagrada e nada as obriga a aguentar uma quantidade de gente à espera que a pandemia passe, de barriga esticada a expensas de milhões em mais-valia acumulados ao longo de décadas, mais que não fosse pela civilização e respeito pelo próximo, em oposição à lei da selva, aquilo que os avaros, gulosos e gananciosos costumam apelidar de "caridade cristã" quando ao domingo se ajoelham para papar a hóstia.
"Desde 2013, a ANA registou um lucro operacional superior ao previsto e um investimento inferior ao prometido [...].
Ao todo, a ANA já acumula um ganho operacional adicional de quase mil milhões de euros. O resultado líquido do Grupo ANA em 2019 cifrou-se em 303,4 milhões de euros [...].
Os relatórios de gestão e contas da empresa demonstram que esta amealhou, em sete anos, 1174.5 milhões de euros de resultados líquidos [...].
José Luís Arnaut, chegado a presidente da assembleia-geral da ANA depois de ter assessorado juridicamente o grupo francês Vinci no processo de privatização, sobe no rating, agora para o nível "chairman", uma "solução interna natural". Já tinha currículo, mérito, aptidão e competência para exercer o cargo.