"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A verdade é que se não tem havido a crise do subprime, Passos Coelho roído a corda e chumbado o PEC IV, contra a opinião da União Europeia, o pedido de resgate, a chegada da Troika e o resto de má-memória, já o aeroporto de Alcochete estava a funcionar em pleno. E o que mudou desde então foi nada, a não ser a alucinação de meter um aeroporto no Montijo, contra a opinião de todos os especialistas, a curto prazo com os pés de molho por causa da aceleração do aquecimento global e das alterações climáticas, e para gáudio do pato-bravismo da promiscuidade política-betão, ali com um maná de desordenamento territorial a perder de vista. Do que a gente gosta é de conversa da treta, de chover no molhado, de reunião de condomínio até às tantas da manhã para chegar a lado nenhum, de sermos enganados com a "criação de emprego" e os "milhares de empregos, directos e indirectos", nunca posteriormente confirmados.
Independentemente das 3 151 247 - três milhões cento e cinquenta e um mil duzentos e quarenta e sete - alminhas que habitam os distritos de Lisboa e Setúbal, contra as 425 431 - quatrocentos e vinte e cinco mil quatrocentos e trinta e um em Santarém, dados do censos de 2021, Santarém fica, "efectivamente" [como dizem os GNR' s e os pantomineiros enroladores de conversa] longe de Lisboa, e de Setúbal, ou Santarém "efectivamente" fica longe de Lisboa, e de Setúbal, porque o ministro João Galamba disse que ficava? É pá, bardamerda para esta caça ao Galamba.
Duas novas localizações em cima da mesa para o novo aeroporto, que é "de Lisboa": Pegões e Poceirão, concelhos do Montijo e Palmela, respectivamente. E lá foram as televisões todas a correr reouvir Carlos Moedas dizer as mesmas coisas que já ninguém ouve mas dos verbos de encher Nuno Canta e Álvaro Amaro ninguém se lembrou. Centralismo doentio.