"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um sonso chico-esperto que passou os últimos dois anos a arengar o Governo e a 'Geringonça' e o Governo da 'Geringonça' e a 'Geringonça' cúmplice que apoia o Governo, pela falência dos serviços públicos, porque faltam médicos, porque faltam enfermeiros, porque faltam tarefeiros, e porque faltam administrativos que até para tirar o cartão de cidadão é uma tourada à antiga portuguesa nunca antes vista, propõe-se, caso ganhe as eleições, lagarto lagarto lagarto, truz truz truz, "impor medidas de gestão, eliminar desperdícios, emagrecer a administração pública", o célebre "fazer mais com menos" de Passos Coelho com os resultados conhecidos, e para captar simpatias da opinião pública, farta até à raiz dos cabelos do Comissário Mário Nogueira, lança a bisca, que mais não é que uma casca de banana, "por exemplo, há professores a mais, infelizmente". Engana-se a ele e a quem quiser ser enganado por ele.
[Imagem «Victor Cobo, “I Can Talk to Squirrels” Fort Bragg, CA, 2018, Archival Piezography pigment print; Courtesy of ClampArt, New York City»]
No tsunami que vai ser a integração de milhares de precários a recibo verde nos quadros do Estado, vão vir também, mesmo na crista da onda, os recibos verde-cunha do amiguismo e do cartão do partido que, de outra forma, nunca teriam entrada na administração pública. Vai ser um fartar vilanagem para a clientela político-partidária, de todos os partidos sem excepção, com o maior impacto a ser sentido e absorvido pelas Câmaras Municipais e a legião de assessores, técnicos e licenciados de todas as áreas. É a sorte grande, a lotaria do Natal, a taluda, o El Gordo, o Euromilhões em jackpot, com Joker e tudo.
A direita não radical e da responsabilidade e do "sentido de Estado", na marchinha do balão e arco da governabilidade que enche a boca de democracia leva hoje o 20.º - vigésimo – 20.º chumbo do Tribunal Constitucional. Vinte a zero.
O Governo que se inibe de nomear dirigentes para a administração pública porque estamos a um mês das eleições é o mesmo Governo que privatiza por ajuste directo a um mês das eleições. Impolutos e eticamente inatacáveis.
A fórmula mágica para o crescimento supersónico de dois dígitos ao ano, para o infinito e mais além: baixos salários, ausência de direitos e garantias, reivindicações laborais e contestação social inexistentes, sectores chave da economia nas mãos do Estado [chinês], ginástica laboral e, tal como nas escolas, bicicletas para o povo.
«Os portugueses não comem estudos de 3 milhões de euros sobre a caracterização das deslocações dos funcionários públicos», podia ter dito Pedro Passos Coelho, mas não disse.
Depois, quando finalmente o "procedimento concursal" for concluído e o concurso aberto, pelo conhecimento das funções a desempenhar e do cargo a exercer, pela experiência adquirida e pela assimilação dos objectivos a atingir, há um e só um candidato em condições de ocupar o cargo. Qual é a dúvida em relação ao mérito e à competência?
E é assim desde 2011, com todos os lugares do Estado e da administração pública parasitados por gente com carradas de currículo, adquirido em 4 anos no terreno.
Os portugueses podem não comer TGV's mas, em contrapartida, deixam de comer para pagar, bem pago, o "para-quedismo" de quem não sabe fazer mais nada do que viver à sombra do Estado e do dinheiro do contribuinte.
Amanhã nas notícas: [Times New Roman, font size 14, bold]
"João Bilhim acredita no Pai Natal"
[Times New Roman, font size 12]
"O responsável pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública admite que foi surpreendido quando soube que, afinal, o Pai Natal não existe"
Ontem o Público dava conta do embuste que é a escolha dos dirigentes do Estado por parte da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, segundo o método introduzido por Pedro Passos Coelho em 2012.
«Administração pública já perdeu em 18 meses o previsto com a troika para 3 anos. Cerca de metade do emprego público perdido nestes 18 meses traduziu-se em postos de trabalho no ensino básico e secundário.
O princípio da administração pública albergue aplicado ao sector privado: Como seria o contrato de trabalho de alguém que (só) trabalha nos "minutos que antecedem o início dos filmes" para atender os Santanas deste país?
Qual é o privado que concede uma ponte (ou uma tolerância de ponto) se estiver em causa o desempenho da empresa? Não era [muito] mais fácil o Governo simplesmente não conceder a ponte (e já agora a tolerância de ponto)?