"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Em Março de 2008, estava o PSD entregue à bicharada nas mãos da dupla Luís Filipe Menezes/ Ribau Esteves, Pacheco Pereira escreve no Abrupto a famosa série de textos que haviam de ficar para a posterioridade como a saída da liderança "à bomba".
Em 2014 está o PS entregue à bicharada nas mãos de António José Seguro e António Galamba e nunca como agora estes posts de Pacheco Pereira fizeram tanto sentido. Bastou substituir, datas, siglas e personagens:
«Aqueles que contam com a derrota do PS em 2015, para afastar a actual direcção, – e não adianta estarmos a enganar-nos uns aos outros com palavrinhas de circunstância, é aquilo que todos esperam, – prestam um péssimo serviço a uma alternativa mais que necessária ao PSD. Podem acordar em 2015 com um PS que perdeu de vez a sua dimensão nacional, um partido que conta cada vez menos para a vida pública, acabrunhado por mais uma derrota que só pode gerar depressão ou escapismo entre os militantes (sim, porque deles será uma grande responsabilidade), cheio de "bodes expiatórios" e de "apontar de dedos" da culpa, e de "lutas finais" de todos contra todos, com imensa gente a defender-se à "bomba" dos restos do seu poder, e outra sossegada com os quatro anos que adquiriu no parlamento e depois daqui a quatro anos se verá, contente com a sua gestão por objectivos.» [Link]
«Quem pensar que o papel do PS é fundamental para a democracia portuguesa não pode ser indiferente ao que possa acontecer em 2015 ao partido, porque em 2014 já pode ser tarde demais e em 2015 já será certamente tarde demais. [... ]. E não vai ser fácil porque vai mesmo ter que ser "à bomba", dado que em 2015 há dezenas de lugares apetecidos para distribuir e para cada lugar há cinco pessoas da "situação" a quem este foi prometido e dez que acham que lá podem chegar no meio da guerra civil.» [Link]
«O futuro do PS não se joga em 2015 mas em 2014. Os patriotas "rosinhas" (e mesmo alguns "azulinhos"), os da "camisola", coloquem a mão na consciência e perguntem a si próprios se acreditam que o PS vai lá como está. Perguntem a si mesmos com verdade, sem ambiguidades, se o partido de que fazem parte está a cumprir o contrato cívico e político não escrito que tem com os portugueses, que tantas vezes lhes deram a sua confiança? Penso que todos sabem a resposta.
Há quem pense que "se deve dar uma oportunidade ao líder" de ir a eleições. Em condições normais, talvez sim, se não tivesse há muito deixado de haver condições normais.» [Link]
Como a anedota do menino Joãozinho que já não faz ninguém rir - vá lá um sorriso amarelo - por mais velha que o cagar de cócoras, mas que ainda assim é ciclicamente ressuscitada pelas novas gerações no bê-a-bá do ensino básico para quem aquilo soa a novidade e descoberta, também a famosa carta de Rosa Coutinho é ciclicamente ressuscitada pelos ressabiados (e e ínclita descendência) da descolonização e do 25 de Abril. Basta ler alguns dos blogues que linkam para esta notícia. O Pacheco Pereira explica. Trolls.
Ou a senhora está apostada em dar razão àqueles que dizem que o PS está a implementar as medidas políticas que o PSD gostava de ter implementado e por falta de coragem nunca foi capaz de fazer; ou a senhora não diz coisa com coisa; ou isto é linguagem cifrada e vamos precisar de um decifrador de hieróglifos laranja para que se perceba exactamente o alcance das palavras.
«Precisa de escolher listas de deputados qualificadas, constituindo equipas com gente velha e nova, mas que seja reconhecida pelo país, pelos grupos profissionais, pelas elites e pelo homem comum, pelos que precisam de melhor política, como dedicados, capazes, impolutos e estando ali pelo interesse público.»
(*) – «"Rock 'n' Roll Suicide" is a song by David Bowie, (…) It detailed Ziggy’s final collapse as an old, washed-up rock star and, as such, was also the closing number of the Ziggy Stardust live show.» (Negrito meu)
Um historiador que, mais do que ignorar, tem “raiva” ao fenómeno Twitter, não é historiador nem nada. É um contador de estórias. Deus tenha piedade da sua alma.
«Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia.»
«Suspeitas de ofensas corporais qualificadas, incluindo um tiro na perna de um membro do grupo motard Hell's Angels, foram o motivo que levou a Polícia Judiciária a deter esta quarta-feira Mário Machado.»
A História está repleta de exemplos de delinquentes e bandidos que saíram directamente do submundo para o activismo político, ou que usaram o activismo político como capa para as actividades fora da Lei.
Mas quem sou eu para dar lições de História a um historiador? Para mais quando ele gosta da vestir a pele que veste.
Introduzi umas pequenas-grandes alterações ao post roubado a Pacheco Pereira:
«Classificar, nomear, chamar um nome é um poder. Em Portugal ninguém tem problemas em chamar à extrema-esquerda, extrema-esquerda. Mas nunca se chama à extrema-direita, extrema-direita. Mas ela existe, é o CDS/ PP. O discurso de Portas é um típico discurso de extrema-direita como ela é hoje. Tem as mesmas ideias do passado, a mesma visão da sociedade, a mesma mescla ideológica, mas não usa os rótulos e não quer que ninguém os use. A comunicação social situacionista também os evita com muito cuidado.»
Isto só para dizer que o que me preocupa a mim é que José Sócrates «possa vir a ficar refém» do CDS e de Paulo Portas.
Ou se calhar isto resume-se tudo a uma questão (de uso) de gravatas…
Tinha para aí 9 ou 10 anos de idade e costumávamos ir brincar “ao Bonanza” para um descampado próximo lá de casa. Um dia chegámos e encontrámos o descampado coberto por um manto de papéis com um palavreado estranho e com um símbolo no cabeçalho: uma foice e um martelo.
Levei uns quantos para casa, o meu pai e a minha mãe leram e depois – coisa estranha! – puxaram-lhes fogo que “é por causa das moscas”; justificaram.
Naquele célebre e histórico dia em que Pacheco Pereira foi director do Público, a propósito da trapalhada do Casino Lisboa com Telmo Correia, obrigou os meninos na Redacção a fazer, e passo a transcrever:
«(…) uma cronologia relacional, exaustiva de todo o processo. Reunir todos os documentos, todas as datas, todas as declarações, todas as notícias dos jornais, e com isso desenhar um gráfico, um mapa. Depois procurar as falhas, os espaços em branco, os dados contraditórios. No fim, extrair conclusões. Verdades até então ocultas: notícias. É um método da ciência histórica»
O que se tem verificado com os recentes acontecimentos, é que os meninos à roda da Redacção esqueceram rapidamente os ensinamentos; o prof. Pacheco Pereira à roda do Abrupto ignora ostensivamente o que tentou ensinar com tanto esmero.
Como já aqui escrevi, faça-se a investigação a partir desta base de trabalho: qual a razão para que num distrito com uma área de 5064 km² (8º maior distrito português), se escolhe um concelho com 128 km² de área, para construir um centro comercial, e precisamente numa ZPE?
(Na imagem o distrito de Setúbal; o Freeport fica lá em cima, sensivelmente a pé das letras OC de Alcochete)
“os resultados do seu governo nas condições excepcionais que teve, maioria absoluta, presidente cooperante, que se arriscam a ser inferiores ao governo de Santana Lopes, com excepção do controlo do défice”
Não pode ser muito brusco. Porque o povo, que não é parvo, apercebe-se.
Quando a Sacerdotisa se deslocar novamente ao Templo com outro pretexto que não o Kosovo, irá o oráculo recuperar o Sermão da Boa e da Má Moeda? Nunca saberemos.
“Sem se "consertar" primeiro o PSD, restituindo-lhe um mínimo de credibilidade, o que significa mudar estilos, linguagem, processos e pessoas, não adianta avançar com grandes arroubos programáticos porque pura e simplesmente ninguém os percebe, nem os ouve, nem os faz. Qualquer outra proposta pode ser muito bonita no papel, mas é profundamente irrealista, e serve os "maus", ou é mera retórica.”
De fonte idónea, vejo que a minha análise é confirmada, quando, a propósito da euforia que atacou as hostes laranja, provocada pela candidatura da ex-ministra das Finanças Receitas Extraordinárias = a Défice 6%, aqui escrevi:
“Definitivamente este PSD não aprende nada; não percebe nada de nada. Pode ser bom para pôr ordem no Circo, mas o partido e o país, apesar do “mais português de Portugal”, não são bem a mesma coisa…”
Infelizmente, Pacheco Pereira continua a não ver o óbvio. E o óbvio é que, qualquer proposta vinda daquelas bandas, por mais consistente que seja, vai soar a déjà vu; vai soar a falso. Vai parecer que “anda tudo a gozar com o pagode”; recorrendo a uma expressão popular. Porque, e recorrendo outra vez à vox populi, as pessoas “já não estão para aí viradas”; pura e simplesmente. E nem é uma questão de idade. Física ou Intelectual. Apesar de me parecer que no caso de Ferreira Leite, na balança, o “Intelectual” pesar mais que o “Físico”. A voluntariosa senhora pode impor o respeito suficiente para as necessárias obras de restauro, mas não se lhe vislumbram “grandes arroubos programáticos” nem tão pouco “qualquer outra proposta (…) muito bonita no papel”.
“Ó Tempo Volta Para Trás”; cantava António Mourão, e, logo a seguir à Revolução de Abril, a canção foi pura e simplesmente banida das rádios. Obviamente.
Já ia sendo tempo de o PSD banir a canção de António Mourão da sua vida interna.
Chego a pensar que este PSD não é, já não digo deste tempo, mas deste mundo.
Adenda: Neste PSD, e neste momento, o único que me parece ter um discurso diferente é Pedro Passos Coelho. Começamos a perceber o que pretende. Consiga explicar como o pretende fazer.