|| Barómetro
Os Homens da Luta limparam o Festival da Canção com uma limpeza de se lhe tirar o chapéu e sem o lobby das editoras agarrado aos telefones ou a manobrar nos bastidores em prol da causa, como aconteceu com todos os outros, e a todos os outros antes destes, e o que deve ter deixado muita gente nas subsidiárias - e ilhas adjacentes - das majors com insónias e azia. Aqueles que levam estas coisas muito a sério, a música portuguesa e a música cantada em português e tal, e que os devia obrigar a reformular todas as politicas e estratégias editoriais se conseguissem ver mais para lá do que um Toni Carreira - e o rebento - a encher de excursões o Pavilhão Atlântico. Vale mais a eleição da dupla Neto & Falâncio para Dusseldorf que o meio milhão de votos de Manuel Alegre e os não-sei-quantos-mil de Fernando Nobre, e toda a prosápia supra partidária que lhe é subjacente à tentativa de discurso. Temos assim uma música manhosa, ainda assim menos manhosa que as outras 11 a concurso, que vai estar como imagem de Portugal na Alemanha da frau Merkel, onde José Sócrates também esteve a defender 800 anos de História, se acreditarmos todos que no dia 25 de Dezembro à meia-noite o Pai Natal desce pela chaminé. Não é a vitória de uma canção de protesto, antes a vitória do protesto, e ainda antes de dia 12 de Março, e de uma manif inspirada numa canção também ela manhosa e que algumas mentes luminosas conseguem ver como “de protesto”. Eu, se fosse jornalista, tinha andado no day after pelos partidos com assento parlamentar a saber de sua [deles] justiça sobre o resultado histórico da 47.ª edição do Festival RTP da Canção, no país dos “dias históricos”. É que a matéria-prima está ali disponível para uma qualquer Marina, destra ou canhota, que apareça.
(Imagem de autor desconhecido)