"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
É a ver os "puros", a esquerda "verdadeira"/ "verdadeira" esquerda, como gostam de se denominar, recuperar uma medida emblemática do Estado Novo de Salazar nos 60s do século XX, então a cargo da Caixa de Previdência, os famosos "bairros da caixa" que povoaram o país de norte a sul, e em que trabalhadores [na altura não havia "colaboradores"] de uma mesma empresa se juntavam e construíam um prédio, normalmente com 4 andares, rés-do-chão incluído, e ficavam a pagar uma renda fixa durante 25 anos, renda fixa sim, sem variáveis "taxas de juro" e/ ou aumentos salariais vs. inflação, e ver a direita, herdeira directa mas descendente envergonhada do Estado Novo e da "primavera marcelista", saudosa da ordem e do respeitinho e das coisas arrumadinhas nos seus devidos lugares, que trata Salazar por "o doutor Salazar" com um temor e um tremor reverencial na voz, recusar essa mesma ideia com o argumento dos "custos" e das "implicações" e das "desvantagens para os trabalhadores", para os trabalhadores, leram bem.
Surpreendente não é a guerra suja da polícia contra os cidadãos num Governo de Direita, sempre assim foi, é dos livros e só se deixa enganar quem quer, mesmo aqueles que não sabem ler.
Agit-prop, contra-informação e contra-guerrilha. Salvaguardar o controlo governamental, sem comprometimentos e sem grande envergadura de meios, reduzindo os trunfos do adversário e mantendo o prestígio da lei e da ordem aos olhos da opinião pública e publicada.
Quem é que falou em “agentes infiltrados” que já não me lembro?
5.141.550 eleitores não votaram, 191.171 votaram em branco, e mais 86.546 rabiscaram o papel, desenharam um bélinho, escreveram uma alarvidade, or ever. Tudo isto num universo de 9.631.890 eleitores. E continuam a falar de “Esquerda” e de alternativas e do PC e do Bloco e do caralho. Não perceberam mesmo nada, pois não?
By the way, falar português, daquele português que o povo entende, também ajuda.
As coisas que a gente aprende na net: Terrorismo = Nacionalismo. Franco e Aznar discípulos das migrações de Estaline.
Uma organização armada quer atingir pelo terror o que o(s) seu(s) braço(s) político(s) não consegue(m) nas urnas em eleições livres e democráticas. Uma organização terrorista que se entretêm a matar inocentes; uma organização terrorista que faz da humilhação de todo um povo (o “seu” incluído) o seu passatempo favorito, não pode ser humilhada por um título de um jornal.
Um terrorista que deve ter grandes erecções quando dispara sobre um alcaide, um empresário que se recusa a ser vítima de extorsão, ou quando coloca uma bomba num terminal ferroviário, mija-se todo quando sente uma arma apontada à cabeça.
Quando a notícia saiu estive quase para escrever “Maricas de Merda, Já Não Há Terrorista Como Antigamente”. Escrevo agora.
Via Rogério Pereira tomei conhecimento do esclarecimento da Sábado:
“Em “A NASA quer chichi”, a Sábado esclarece:”
«É apenas para testar as novas casas de banho do Programa Orion que a NASA irá enviar astronautas de volta à lua em 2020. A ideia é verificar como reagem os filtros do WC espacial com diferentes tipos de urina – e aceitam-se ofertas de amostras de voluntários.»
Para a NASA, uma sugestão de cavalheiro – porque nestas coisas dos chichis e das pilinhas dos outros, por melindrosos que são os assuntos, todo o cavalheirismo é pouco – um sítio (de onde foi tirada a foto) onde não devem faltar voluntários para tão nobre experiência. Aqui.
A propósito destra troca de argumentos entre Maria João e Daniel Oliveira, e não querendo meter o bedelho em conversa alheia, a atenção para o artigo de John Lichfield no The Independent:
Rise of Rachida Dati: The minister, the 'virgin bride' and the row that's dividing a nation
“Under Article 180 of the French civil code, a marriage partner can demand an annulment if his or her spouse fails to fulfil an "essential" part of their pre-wedding agreement.
The court's decision was made public late last week. It was made clear that the crucial point was not the bride's lack of virginity but her lack of truthfulness. She had misled her partner. "Married life began with a lie, which is contrary to the reciprocal confidence between the married parties," the court ruled.”
(…)
“The ruling can be read that way. Fundamentalist Islam does not demand virgin bridegrooms, only virgin brides. The judgement is also, however, a fairly logical application of France's existing marriage law. Several devout Catholic spouses have won similar annulments on the grounds that their partner had lied to them and concealed a previous divorce. Devout Catholics have a right, under French law, to demand undivorced spouses. That does not mean that French courts disapprove of divorce.”
Vamos lá chamar os bois pelos nomes. Mau começo para o post. Vamos lá por os pontos nos is:
Quando se diz ou se escreve “a mulher de”, tem um sentido pejorativo; uma desconsideração à pessoa em questão e ao “de”; para o caso “o marido”. “Mulher” é aquela coisa que se tem ali à mão; submissa, sem vontade própria, e à qual se recorre para satisfazer as necessidades. Desde as mais básicas, às outras. Só não usa burka, aqui no Ocidente, porque pareceria mal; mas candidatos (no masculino) não faltam por aí.
(Foto via Ad Lib Studio)
A “esposa de” é alguém com vontade própria, personalidade. Uma entidade autónoma, com quem, por razões que a razão desconhece, e por mútuo acordo, partilhamos o dia-a-dia.
É por isso que Fernanda Tadeué esposa de António Costa. E se chama Fernanda Tadeu; não Fernanda Costa. E aparece na manif dos profs a gritar contra a ministra do Governo de Sócrates.
É por isso que Silda Alice Spitzer é a mulher de Eliot Spitzer. E se chama Silda Alice, com Spitzer no fim. E aparece ao lado do marido, com o ar mais desgraçado do mundo, na conferência de imprensa em que ele resigna ao cargo, depois de ter sido caçado a gastar balúrdios nas “meninas”.
Se tivessem olhado aos pormenores, teriam evitado polémicas parvas; que é só o mínimo que me ocorre para classificar o que poraqui tem acontecido.
(Esta era uma das razões que levava a minha avó, que nasceu no reinado de D. Manuel II, assistiu à implantação da República, aguentou o Estado Novo, e sobreviveu ao 25 de Abril, a passar-se completamente quando ouvia alguém falar na “mulher de”. “Mulheres são as putas!”; dizia.