Independentemente da agenda escondida dos despedimentos em massa; independentemente da agenda escondida de retirar ao Estado competências para posteriormente as atribuir a grupos privados, com ligações mais ou menos obscuras, ou declaradamente às claras, aos partidos no poder [PSD e CDS-PP]; independentemente de as vitimas prioritárias do Governo, ou os alvos escolhidos, para o caso tanto faz o modo como é dito, serem os funcionários com menos qualificações, logo os que mais facilmente vão engrossar as fileiras às portas dos centros de emprego, e os que por lá vão ficar até ao último minuto de onde, inevitavelmente, transitarão para a caridadezinha e para a miséria; independentemente do número de funcionários públicos se encontrar acima, abaixo, na média, da média comunitária; independentemente da realidade, real ou construída, da necessidade do país não produzir riqueza suficiente para pagar a um determinado número de funcionários públicos, ou de o país só poder suportar até um número determinado de funcionários públicos; independentemente de a coisa parecer ser feita à toa, sem racionalidade, sem olhar para onde há excedentários – que os há, e para onde há faltas – que as há, as pessoas tratadas como números, como peças nas casas de um jogo que desconhecem as regras, as regras alteradas ao sabor das circunstâncias; independentemente da estratégia do Governo PSD/ CDS-PP de divisão da sociedade ente bons e trabalhadores – sector privado, e maus, manhosos e calaceiros – sector público; independentemente de todo e qualquer argumento atirado para cima da mesa e de todo e qualquer pró e contra; independentemente de tudo isto, o que nós todos, portugueses contribuintes, gostávamos de ver esclarecido é porque é que é inconstitucional despedir no sector público e é constitucional despedir no sector privado, porque é que o privado pode trabalhar 40 horas semanais [oficialmente] e o público só pode trabalhar 35 horas [oficialmente, também]; independentemente de haver uma diferença entre tabalhar 40 horas e estar 40 horas ao serviço; independentemente de isto soar, aos ouvidos dos não sei quantos milhões dos que ainda, por enquanto, têm emprego no sector privado, que são portugueses de segunda categoria, comparativamente aos não sei quantos milhares dos que têm emprego no sector público. Independentemente.