"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Duas dezenas de cidadãos sem educação, com bandidos condenados e xalupas anti-vacinas à mistura, que se reclamam da ideologia do anão austríaco do bigodinho mas com aspecto de quem veio do Magreb, o que lhes dava uma viagem de comboio, de ida sem volta, para Dachau ou Treblinka, com uma manifestação não autorizada resolveram arruinar um dia de festa e alegria para centenas de milhar de famílias nas ruas de Lisboa.
"Uma manifestação não autorizada de militantes de extrema-direita [ou radicais de direita] encontrou uma contra-manifestação de antifascistas, as coisas descambaram e a polícia teve de intervir", foi assim que a generalidade das televisões se referiu ao caso.
Nas culpas a atribuir no cartório na ascensão da extrema-direita e do neo-nazismo há muita gente com a sua quota-parte, os anti-fascistas não são de certeza.
No final do habitual chorrilho de mentiras em alta gritaria o taberneiro disse que ele e o partido da taberna é que iam "cumprir Abril" sendo efusiva e longamente aplaudido de pé pela bancada do grupo de excursionistas que chefia para gáudio dos capitães de Abril presentes nas galerias.
Para os partidos herdeiros da União Nacional do Estado Novo que se reclamam da "fundação do regime democrático" mas que sempre tiveram um problema com o 25 de Abril de 74, real e simbólico, o 25 é outro, o de Novembro de 75, todos os motivos são bons, óptimos, para ignorar a data e o artigo 41.º ponto 4 da Constituição da República Portuguesa, "As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado". Portanto dia 25 de Abril todos à Avenida!
"insultar os eleitores do Chega" por quem, com o chefe à cabeça, tem como desígnio principal insultar toda a gente, seja ela eleitora de que partido seja, e ainda se riem muito e batem muitas palminhas perante a genialidade imbecil, com redobrada força se for no Parlamento perante as câmaras de televisão. "insultar os eleitores do Chega" is the new awesome.
Apareceu no dia 26 de Abril de 1974 na parede da fábrica de conservas 1.º de Março, à Rua Camilo Castelo Branco em Setúbal, e ainda lá está. E diz muito da escolaridade obrigatória do Estado Novo, até à 4.ª Classe, grande melhoria sobre a anterior, obrigatória até à 3.ª Classe. "Vai mazé trabalhar que é para te fazeres um homem", mais que uma máxima um princípio de vida então instituído. 50 anos depois há quem o continue a apregoar.
Poderá Vossa Excelência, senhor Presidente do Conselho, por obséquio, desobrigar-se do cargo em que foi empossado, devolver a palavra ao povo para que este diga de sua justiça, ponha fim a uma guerra sem sentido em terras que não são suas, e possa andar na rua de cabeça erguida?
Este seu criado, Fernando José Salgueiro Maia, ao seu dispor.
"um Abril Moderado", assim mesmo, em maiúsculas. A sonsice da direita, chorona de um 25 de Novembro que não aconteceu, é uma coisa sempre surpreendente.
O Arraial dos Cravos, habitualmente no Largo do Carmo, onde Salgueiro Maia depôs o regime dos PIDEs, posteriormente agraciados por Cavaco Silva, primeiro-ministro, com pensão vitalícia "por serviços excepcionais e relevantes prestados ao País" depois de a ter recusado ao capitão de Abril, realiza-se este ano, o dos 50 anos da revolução que deu a liberdade e a democracia ao povo português, e a independência às colónias africanas, no Largo de Camões, por falta de financiamento da Câmara de Lisboa, a dos 34 milhões de euros para um evento católico no Estado laico - Jornadas Mundiais da Juventude, do presidente Carlos Moedas, do mesmo PSD do agraciador de torcionários, e que em cerimónia resolveu assinalar outro 25, o de Novembro, a data que divide em vez de unir. É a raça deles.