"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Diz que o sistema político está velho e cansado, os protagonistas são velhos, subentende-se, porque não se percebe como é que um sistema novo, povoado por novos, não vai filmar e publicar uma conversa privada, deliberadamente mal legendada [maturidade por integridade] para direccionar indignações. Isto é-nos dito por aqueles que passam a vida a dizer-nos que temos de trabalhar, trabalhar, trabalhar, manter uma vida activa, o trabalho liberta, opsss, trabalhar até sempre, porque a esperança de vida aumentou e coise. A esperança de vida aumentou só para trabalhar, trabalhar, trabalhar, coisas da política é mandar os velhos... trabalhar, e deixar isso por conta dos novos, eles é que sabem bué, quando devíamos estar gratos aos velhos, como os que aparecem no clip com as legendas manipuladas, que continuam na política activa, pela forma didáctica como passam a informação e a memória, do que foi o fascismo, a ideologia dos velhos, mesmo que em idade para irem à tropa. A ausência de memória é pasto para os totalitarismos.
Por duas vezes a bancada do PCP ficou imóvel e muda enquanto o Parlamento aplaudia, primeiro Augusto Santos Silva, depois Lula da Silva, na condenação da invasão russa da Ucrânia. O PCP só quer a PaZ! A PaZ! a PaZ!
A Transparência Internacional acusa Bolsonaro de criar o “maior esquema de corrupção institucionalizada” no Brasil, vai daí o Ventas convida o mal-formado para Portugal e manda metade da bancada do Chaga para o Parlamento, de cartazes na mão xingar Lula, a outra metade de bandeira na Ucrânia para ver se a gente se esquece de que quando o energúmeno chegar também chegam Le Pen e Salvini, os amigos do Ventas financiados por Putin.
[Provavelmente o graffiti mais antigo da cidade de Setúbal, desde o dia 26 de Abril de 1974 na parede da antiga conserveira 1.º de Março à Rua Camilo Castelo Branco]
Incidentes programados e preparados para que resultem em confrontos de rua entre facções políticas opostas, mas avisar antecipadamente que os incidentes preparados, a acontecerem, serão culpa do poder político que nada fez para os evitar e até os propiciou. A seguir nos próximos dias se 90 anos depois esta treta ainda pega.
Lula da Silva, presidente eleito do Brasil, vem a Portugal convidado para a cerimónia do Dia da Liberdade, que assinala o aniversário da revolução que teve a sua génese nas mortes insanas de portugueses e africanos em nome de um império anacrónico ao qual pôs um ponto final, e que150 anos depois da independência do Brasil deu a independência ao então "Portugal Ultramarino", nome pomposo do fascismo para as colónias africanas, hoje países livres e independentes, membros de pleno direito na comunidade das nações, defender que a União Europeia, os Estados Unidos e a NATO devem parar o apoio à Ucrânia na sua luta para se manter um Estado independente, contra um agressor-invasor colonialista na expansão do seu lebensraum. Não havia necessidade.
Marcelo meteu o bedelho onde não era chamado, mas isso não é novidade para ninguém. E logo de seguida fugiu com o rabo à seringa, e a isso já estamos todos habituados. O ministro dos Negócios Estrangeiros meteu o bedelho onde não era chamado, mas noção é coisa que não lhe assiste, desde que as caixas de e-mail recusam correspondência, alegadamente por causa do tamanho do ficheiro, que é suposto ser efectivamente recusada enviar devido ao tamanho do ficheiro. Nada de novo em pantomineiros profissionais. O presidente da Assembleia da República esticou-se nas suas competências e atribuições, mas isso é mais do mesmo. E esqueceu-se de que é presidente do Parlamento e não da bancada parlamentar do PS, e até aqui nada de novo. Os cheganos e os ilusionistas liberais, estes últimos que só diferem dos primeiros por terem mais vocabulário e não usarem a gravata pela braguilha como o Trump, aproveitam todas as oportunidades para manifestarem o ódio que têm ao 25 de Abril. Dão-lhe biscas e eles aproveitam. No final da cadeia alimentar fica o 25 de Abril, achincalhado, mais uma vez, e o Lula, metido numa alhada sem saber ler nem escrever.
A Teoria da Substituição, por Rodrigo Sousa e Castro, capitão de Abril, num tweet que o Ventas do Chaga não desdenharia. Foi para isto que se fez o 25 de Abril?
[Provavelmente o graffiti mais antigo da cidade de Setúbal, desde o dia 26 de Abril de 1974 na parede da antiga conserveira 1.º de Março à Rua Camilo Castelo Branco]
Ana Gomes, que entre Abril de 1974 e Janeiro de 1976 estava no MRPP ao lado de Durão Barroso [na imagem] diz no Twitter que "Celebrar o #25Novembro [ocorrido em 1975] é também celebrar o #25Abril. Diz quem, como eu, o viveu activamente. Ao lado do @psocialista de Mário Soares. @padaoesilva [Pedro Adão e Silva] ainda nem gatinharia, mas não devia distorcer a História. Aquele dia não dividiu: de facto uniu todos os que queriam #Democracia."
A dita esquerda, envergonhada e subserviente à agenda da direita, quase 50 anos passados ressabiada com o dia 25 de Abril de 1974, não tanto pela perda de privilégios mas mais pela democratização da cousa pública, pelo acesso da "ralé" ao poder de decisão e pela total falta do respeitinho, que era muito bonito, prefere sublinhar o Otelo dos GDUP's, do "poder popular" e das FP's da metralhadora, e deixar cair o homem que pôs fim a quase 50 anos de fascismo, quase tantos quantos os que levamos de democracia, sem sequer 1 - um - 1 minuto de luto nacional declarar pela morte de um dos actores que devolveu a liberdade ao povo português. Num tempo em que os fascistas se assumem com orgulho devíamos todos meditar uns minutos sobre isto, principalmente o PS que se encontra por ora na administração do Estado.