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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

|| Às segundas-feiras, o manipulador da Fé, no sítio do costume

por josé simões, em 08.10.12

 

 

 

João César das Neves sabe perfeitamente que, a quem passa privações, a quem tem a barriga vazia, sobra pouco, ou nenhum tempo, para pensar em coisas do etéreo, ter pensamento abstracto – o objectivo primeiro e único é tapar o buraco na barriga. Foi por isso que, entre outras, a Filosofia nasceu na Grécia – a população atingiu um determinado nível de bem-estar social que proporcionou uma liberdade política e de pensamento até aí inédita.

 

O que João César das Neves nos propõe é o mui cristão sofrimento na vida terrena para ganhar o Paraíso do leite e do mel, ao lado do Pai, numa vida depois da morte que ninguém conhece, adaptado aos tempos que correm, do sofrer para expiar a nossa culpa, por uma vida de luxúria e preguiça, para alcançar a recompensa dos mercados num futuro que ninguém sabe quando chega – a resignação e a obediência, nem que para isso tenha de manipular a realidade, trocando a ordem dos substantivos "caridade" [com maiúscula] e "solidariedade" na frase: «Reduzindo a Caridade a mera solidariedade e sem saber onde radicar a Esperança».

 

«Vivemos numa época que pensa poder viver sem colocar as perguntas fundamentais da existência» que são como vou arranjar dinheiro para pôr comida na mesa todos os dias, pagar as contas, educar os filhos, «embriagado num utilitarismo míope», que os liberais de João César das Neves nos fazem no [des]Governo da Nação. N'est-ce pas?

 

[Imagem "Road Kill", Sebastian E, 2009 ]