"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
De cada vez que uma qualquer Bloomberg se lembra de aparecer com um "The Unlikely Rise of the Pastel de Nata, and Why It’s Suddenly Everywhere" saem logo a terreiro os aios e os escudeiros da direita radical de plantão às "redes sociais" em defesa do Álvaro com um "estão a ver? gozaram com o homem eppur si muove" sem se darem ao trabalho de explicar aos povo ignaro o que é que Portugal ganha, quanto é que Portugal ganha, qual é o impacto na economia, o crescimento das padarias e pastelarias, pequenas, médias e micro empresas, por haver produção de pastel de nata desde a China à Rússia, passando pela Indonésia e pelas ilhas Fidji e Santa Cona do Assobio, e que o pastel de nata da Bloomberg, do Economist ou do Charlie Hebdo é tão português como italiana é a pizza do Lidl para aquecer no forno em 6 minutos, a pizza, esse produto originário de Little Italy em Mulberry Street, Nova Iorque.
Álvaro Santos Pereira aka O Álvaro do Pastel de Nata, ministro do Governo da direita radical que andou uma legislatura inteira a dizer-nos todos os dias a todas as horas que tínhamos de aliviar o "peso do Estado na economia" e que tínhamos de ser como a Irlanda, o farol do socialismo na Europa o farol do liberalismo na Europa e dos amanhãs que cantam na ausência de Estado e da auto-regulação dos mercados.
Quando era já dado adquirido que a exigência e o rigor de Nuno Crato tinham estado por detrás de "O Grande Salto Em Frente" na disciplina de Matemática entre os anos de 2011 e 2015 e que o laxismo dos "sabotadores contra-revolucionários, inimigos do Povo" a soldo da Fenprof tinha sido a causa da queda a pique a Ciências no mesmo período temporal, um trambolhão da 19.ª para a 32.ª posição, descobrimos que estávamos todos enganados e que afinal, também por mérito de Nuno Crato, "na ciência, os alunos portugueses tiveram desempenhos acima de países como Noruega, EUA, Austria, França, Suécia, Espanha, Rep Checa, Itália", explicou o Álvaro, doutor, e ficamos todos mais descansados.
As pessoas votaram em Margaret Thatcher porque estavam descontentes com o desmesurado poder dos sindicatos, com a tributação excessiva, com serviços públicos ineficientes e que mais pareciam ser feitos por medida para aqueles que neles trabalhavam. Receberam de volta uma desigualdade crescente, o declínio do papel do Estado, a desregulação total, o afastamento da participação cívica. O sentido da vida era ficar rico e o governo existia para o facilitar. As desigualdades aumentaram, os ricos ficaram mais ricos, os pobres ficaram mais pobres, enquanto os gastos públicos com apoios, subsídios e serviços, dispararam para níveis nunca antes atingidos, na exacta proporção à queda da sua qualidade e ineficiência.
E diz isto com orgulho… Dou-lhe o benefício da dúvida, não sabe do que fala:
1. A declaração não séria, feita na expectativa de que a falta de seriedade não seja desconhecida, carece de qualquer efeito.
2. Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo prejuízo que sofrer.
O CDS, que não está no Governo, vem pedir a remodelação do Governo, onde o CDS está de corpo e alma, ainda antes de conseguir votar, ao mesmo tempo contra e a favor, da moção de censura do PS, ao Governo onde o CDS está e não está.
Diz que os partidos políticos estão descredibilizados aos olhos dos cidadãos.
Adenda: Jornalismo de qualidade, trabalho jornalístico bem feito era o Expresso publicar as respectivas cartas comprovativas, assim soa a mais um "O FMI já não vem" ou a outro "António Costa candidata-se a secretário-geral para unir o PS"
[Imagem "Annual Clowns Gathering", Felix Clay]
Post-scriptum: Algum tempo depois de ter publicado o post o Expresso alterou as notícia e, as cartas que tinham sido escritas por Franquelim Alves passaram a ser subescritas por Franquelim Alves. Como diz o anúncio, "Expresso, há 100 anos a fazer opinião".
Lá diz o povo na sua imensa sabedoria que "tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta", o senhor Alves não roubou nada a ninguém mas reconheceu em tribunal [audição parlamentar] que não avisou a polícia [Banco de Portugal] de que os ladrões andavam às couves [a desfalcar o BPN].
O senhor Pereira rejeita as diversas insinuações e suspeitas lançadas sobre o senhor Alves, em quem deposita total confiança [um empreendedor e um inovador?], porque já basta de baixa política. Faz sentido.