"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Andámos durante os quase 5 anos de Governo da direita radical a gramar com os administradores PSD e CDS nomeados para tudo o que fosse empresa pública, Águas de Portugal por exemplo, sem que nunca ninguém tivesse compreendido quais os critérios subjacentes às nomeações, que não os do mestrado e doutoramento na Universidade do Cartão do Partido, para agora "o cartão de militante do PS [voltar] a ser um trunfo profissional". "A nossa universidade é melhor, mais séria e competente do que a vossa", deve ser o lema. As "propinas" são pagas pelo suspeito do costume, o contribuinte.
Para uma futura privatização há que tornar o bolo mais apetecível: juntar os 19 subsistemas existentes em apenas 5 e meter os consumidores do litoral a pagar o lucro que o privado vai ter com os consumidores do interior. Serviço Público é com o Estado, o privado é mais serviço do lucro, e o resto, embrulhado em papel de eficiência com lacinho de qualidade, é conversa para entreter anjinhos.
Ou o Governo não sabia, o que só revela que estas empresas andam em roda livre e fazem o que querem e muito bem entendem e é um fartar vilanagem à conta do erário público, ou o Governo sabia, e foi só devido às notícias na comunicação social e à pressão da opinião pública que se viu na obrigação de tomar medidas.
Vão surgir inúmeras, imeeeeensas, razões atendíveis, e todas de boa fé, e todas com “o bom desempenho da empresa” como objectivo último e único, e ficamos também todos a saber que, afinal, tudo não passa de mais uma jogada baixa do populismo.