Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo II
Uma vez num Vitória de Setúbal vs. FC Porto tive como companhia de bancada um grupo de trogloditas que passou o jogo todo para o Quaresma "Só cheiras a fumo!", "Vai vender cuecas para a feira!" e "Está aqui um sapo! está aqui um sapo!". Se o Quaresma tem saído a meio da partida se calhar já se tinha falado há mais tempo em "racismo no futebol". Ou o Nelson Semedo, tinha ganho a Medalha de Ouro que o Record atribuiu ao Marega "Um dia, por cá, alguém teria de dizer basta. Calhou ao avançado do FC Porto que, depois de marcar o golo que valeu importante vitória em Guimarães, foi à sua vida por estar farto de ouvir parvos", assim só ganhou a Medalha de Prata "O cliente tem sempre razão. Se ainda não conhecia este clássico, o lateral do Benfica ficou ontem a saber que a única interação possível com o público é o agradecimento de aplausos. Haja respeito". Há pretos e pretos e há pretos mais pretos que os pretos. Ou o Renato Sanches, o desgraçado mais massacrado dos relvados portugueses nas últimas épocas, com impropérios e urros vindos das bancadas "uh! uh! uh!", "macaco! macaco!", complementado com a maior campanha orquestrada de linchamento no Twitter e Facebook, a cargo daqueles que agora terminam a indignação com #JeSuisMarega. Antes tínhamos tido, e bem, a polémica com a simbologia usada pelos No Name Boys, a typho e o logo NN, agora temos uns White Angels, depois do Anjo Branco na história recente da Europa, enfeitados nas bancadas com cruzes celtas e a bandeira confederada, e toda a gente acha isso normal. Depois aparece o inefável Marcelo, comentador bué preocupado com o racismo no futebol, depois do Marcelo, Presidente, não ter visto necessidade de tomar posição no "vai mas é para a tua terra!" do Ventura à Joacine. O Marcelo, que não consegue, ou não quer, dar a volta ao livro de História do salazarismo e vai de fazer discursos de envergonha a Pátria em 2017 em Gorée e em 2020 em Goa. E não é só o racismo, é o ódio generalizado e institucionalizado. Os acéfalos trogloditas transportados pela polícia nas caixas de segurança, pagas com o dinheiro do contribuinte, a insultarem tudo e todos a caminho do estádio, o "SLB, filhos da puta, SLB" entoado no estádio perante o silêncio cúmplice do presidente e demais entidades oficiais nos camarotes, o silvo do very ligth a ser disparado no estádio à cara dos adeptos adversários em dia de derby. Está tudo bem, a polícia anda à cata dos atrasados mentais que massacraram o Marega, o Ministério Público vai abrir um inquérito - ler "Arquive-se!", o pagode indigna-se muito nas "redes sociais", vamos andar uma semana nisto, vá duas. Com quem a que a gente joga no próximo domingo?
Racismo no cu dos outros para mim é refresco, Capítulo I