Que nem patinhos
Antes do 10 de Março era a grande diferença entre a proposta da AD e a do Partido Socialista "conformado com um crescimento económico que não vai além de 2% em quatro anos" ao passo que a da AD "optimista, com responsabilidade, com segurança, em criar transformações estruturais no país, em poder alavancar a economia com a descida de impostos para podermos ter uma taxa de crescimento na economia em 2028 próxima de 3,5%, o que permite depois uma maior capacidade de valorização das carreiras da Administração Pública" ou, como andou Luís Montenegro 15 dias a dizer, ser possível "acomodar as reivindicações das forças de segurança e repor o tempo aos professores" por haver margem orçamental no tal "orçamento, betinho, pipi, muito bem apresentadinho", que não concretizava nada, mas que afinal dá para tudo, como se a despesa não passasse a permanente, como "alguém que poupou €2.600 achar que está rico, quando deve €260.000 ao banco".
Ainda os votos dos emigrantes não tinham começado a ser contados já José Gomes Ferreira, um chalupa a quem Balsemão dá emprego, que sabe a verdadeira cor do planeta Marte e coisas sobre a História de Portugal que nem os historiadores sabem e o que ele sabe de Balsemão para Balsemão lhe continuar a pagar um ordenado só ele sabe, vinha alertar que a proposta da AD, a que durante a campanha considerava ser a melhor para Portugal, afinal tinha um "mas" chamado economia alemã, o "motor da Europa", a gripar, coisa que ninguém sabia até três ou quatro dias antes, e que também já temos a possibilidade de uma guerra na Europa por causa da Ucrânia, disseram outros avençados, coisa que ninguém tinha dado por isso, mais a incerteza nos mercados e o preço do combustível por causa dos israelitas em Gaza, a despesa já vai passar a permanente, e até o embusteiro com assento no Conselho de Estado já veio desdizer tudo o que antes tinha dito, meter água na fervura e avisar que "Não vai ser possível satisfazer a 100% reivindicações de professores, médicos, polícias e militares" e, de repente, já não vai ser possível descer o IRS, descer o IRC - este, com jeitinho até vai, o tricle down e tal, aumentar salários e pensões, investir na escola pública e no Serviço Nacional de Saúde, valorizar as forças policiais e dotar as forças armadas, tal as coisas mudaram numa semana com a velocidade a que o mundo gira, que este excedente orçamental é um presente armadilhado que o António deixa ao Luís.
Voltando a Luís Montenegro, "nós estamos optimistas, com responsabilidade, com segurança" de que vão todos cair que nem patinhos. E foram.
[Imagem de autor desconhecido]