Os inimigos do povo
As urgências encerradas, com as de obstetrícia com sirenes e tinóni nos telejornais, passaram a urgências com contingências. Aberturas de telejornais com directos intermináveis nem vê-las.
Dos 200 mil alunos sem aulas no início deste ano lectivo contra os 73 mil em igual período no ano lectivo anterior ninguém ouviu falar nas televisões, não mexeu com os presidentes vitalícios das associações de pais, nem com o comissário Nogueira dos stores.
A gasolina e o gasóleo que eram para baixar mas que afinal subiram porque o Governo lhe aplicou mais uma taxa em cima não motivaram reportagens nem directos das bombas do costume, aquela na 2.ª Circular e aquela outra na rotunda de Moscavide.
A carga fiscal que era "asfixia fiscal" agora é "contribuição para o excedente orçamental".
O taberneiro uma vez acusou os jornalistas de "inimigos do povo" por apresentarem uma reportagem tal e qual ela havia sido filmada, sem filtros de redacção, quando os alegados jornalistas, na pele de "inimigos do povo", afinal só se limitam a omitir e maquilhar.
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