||| O Verdadeiro Artista
À pergunta «Qual é a figura que na sua opinião marcou o 25 de Abril?» responde o General Spínola, não por ter sido o primeiro militar a atentar contra o 25 de Abril e a tentar subverter o seu espírito e impedir aplicação completa do programa do MFA; não por ter estado por detrás da tentativa de golpe de Estado em 11 de Março e por isso ter sido o principal responsável por tudo o que se lhe seguiu, - a radicalização da ala esquerda do MFA, Vasco Gonçalves, as nacionalizações [o tema querido da direita quando não tem mais nada para dizer], o PREC; não por ter sido o mentor da inventona da Maioria Silenciosa a 28 de Setembro; não por ter presidido à organização terrorista MDLP; não por ter sido o primeiro militar a boicotar a descolonização [outro tema querido da direita quando não tem mais nada para dizer e quando há que passar culpas ao 25 de Abril, em geral, e a Mário Soares, em particular]; não por ter sido o militar que irresponsavelmente patrocinou uma golpada em Moçambique «na tentativa de impedir a promulgação dos Acordos de Lusaka, na mesma data assinados pela FRELIMO e pelo governo português» e responsável pelos massacres e pelos mortos que se lhe seguiram, pelos ódios acirrados que ainda hoje, 40 anos passados, perduram. Não. Por «o marechal Spínola e a importância que teve o livro Portugal e o Futuro. Não porque o tivesse lido na altura, mas porque ouvira falar muito do livro que vinha aí…», com reticências e tudo.
À pergunta «O que falta mudar?» o líder partidário há mais tempo no activo em Portugal, talvez apostado em bater o recorde do “doutor Salazar” como se refere, com voz trémula de respeito ao velho de Santa Comba, responde que, «por exemplo, falta modernidade ao sistema político».
Como diria Pinheiro de Azevedo, General de Abril, democrata-cristão e com simpatias na direita saudosista do General Spínola, do Portugal do Minho a Timor e de quando as pessoas não viviam acima das suas possibilidades: Bardamerda!
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