O triunfo da democracia
Independentemente do que se seguir, a lição a tirar desta desistência de Joe Biden a um segundo mandato na Casa Branca é a do triunfo da democracia. Uma lição para os que cantam loas a tiranos que se eternizam no poder mas que são "importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à 'nova ordem' imperialista, [...] países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia". Sim, está ali escrito República Democrática da Coreia, uma monarquia sanguinária nas mãos de um alucinado, o único gordo num país de magros, e que vê as armas como brinquedos. Sim, está ali escrito China, o pior de dois mundos - do comunismo e do capitalismo, com o poder concentrado nas mãos de um só homem como nem no tempo imperial aconteceu, nem Mao, o "grande timoneiro", ousou. Uma lição para os que justificam tiranos, agora a ocupar a cadeira outrora ocupada por outros tiranos, que nela morriam sentados em nome do povo e dos amanhãs que cantavam e que, como os tempos mudaram, não agem, reagem, "por causa da intensificação da escalada belicista dos Estados Unidos, da NATO e da União Europeia". E um desconforto, sobretudo um desconforto, para tiranos globais e para os aprendizes de tiranos de trazer por casa, com o povo a pensar que o outro, o imperialista, saiu pelo próprio pé, e estes, que ninguém sabe como e porque foram eleitos, um dia não existiam, no dia a seguir eram gente, não saem nem que os empurrem.
Podemos sempre argumentar "O problema não é esse. O que é a democracia? Primeiro tínhamos de discutir o que é a democracia", mas faz parte, melhor dito, nem isto se fazia.
[Imagem de autor desconhecido]