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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

O Ervilha nunca falha!

por josé simões, em 25.05.23

 

Screenshot 2023-05-25 at 22-12-46 Será que ainda reconhecemos a Setúbal do início dos anos 1980.png

 

 

Marcelo foi à Feira do Livro de Lisboa fazer que via livros para dizer coisas ou dizer coisas a fazer que via livros, tanto faz, podia ter sido a Feira do Pão, Queijo e Vinho em Azeitão ou a Feira da Bagageira num sítio qualquer. Que tem dado prioridade à guerra e coise, que não tem mais nada a acrescentar àquilo que já disse, que quando tiver alguma coisa a dizer, diz, ou seja, já daqui a minutos, que vai convocar um Conselho de Estado para daqui a dois meses, quando o pagode estiver a banhos de Verão, o enésimo Conselho de Estado convocado desde que é Presidente da República, como se o Conselho de Estado tivesse um papel determinante na governação do país, como se Marcelo fosse Macron, nesta construção criativa dos poderes do Presidente da República. Quem chegasse da Lua e desse com isto pensava, "é pá, sim senhor, temos aqui um Presidente e peras". E falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e falava a olhar para o infinito, e volta e meio pontuava o monólogo com um sorriso de orelha a orelha, "já viram como sou genial e muito mais inteligente que vocês, jornaleiros investidos de jornalistas?", pensava. E no meio daquela floresta de microfones, telemóveis e gravadores de som empunhados por jornalistas da Farinha Amparo há uma voz feminina que não uma, não duas, mas três vezes tenta perguntar uma merda qualquer a Marcelo antecedida de um "senhor primeiro-ministro". "Mission accomplished". Era a esta dimensão que Marcelo queria chegar, vai ao âmago dos totós com a cumplicidade ignorante dos palermas.

 

["Já sabem que eu estou aqui? O Ervilha nunca falha!", era o pregão do senhor na imagem, que em Setúbal vendia castanhas no Inverno e gelados no Verão, confeccionados com a água da Fonte do Quebedo, onde as mulas e os burros dos estafetas bebiam, antes de haver DHL e o caralho]