O bolas de naftalina
Francisco Assis que, faz hoje exactamente 8 anos, já era mais velho que Mário Soares e que, três anos passados, se aproximava a passos largos do título "Matusalém da Política", aquele que nunca percebeu que o seu partido era o PSD, aparece a defender uma coligação de Governo com o CDS da luta contra o Rendimento Mínimo Garantido, com o CDS do fim do salário mínimo e da progressividade do sistema fiscal, com o CDS da redução, no valor e no tempo, do subsídio de desemprego, com o CDS da retirada de competências às funções sociais do Estado e entrega aos privados e à Igreja Católica, com o CDS contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, com o CDS contra a educação sexual nas escolas, com o CDS contra a procriação medicamente assistida, com o CDS contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com o CDS da ameaça do envio do diploma da co-adopção para o Tribunal Constitucional, com o CDS... vem agora, com os bolsos das calças e do blazer cheios de bolas de naftalina, afiançar que "a 'Geringonça' é como os iogurtes, tem um prazo e validade", o que, não deixando de ser uma lapaliçada, dito por ele soa a euforia wishful thinking do "ó tempo volta para trás".