Meter a carneirada a discutir aquilo que interessa discutir
Corria o ano de 2000 e o mui socialista e mui à esquerda Jorge Coelho, então ministro do Equipamento Social, renegoceia a concessão das pontes sobre o Tejo com a Lusoponte, passando para o Estado, que é como quem diz para os contribuintes, o ónus da manutenção das ditas, com o Tribunal de Contas a concluir que "As contrapartidas directas à concessionária ascendem, a preços descontados das taxas de inflação, a cerca de 180 milhões de contos (900 milhões de euros), isto é, o equivalente a uma nova travessia sobre o Tejo".
Ao PS interessa que se discuta se a ponte é ou não é segura, se as obras começam hoje, amanhã, ou em dia de São Nunca à Tarde sem pôr em risco os milhares que todos os dias cruzam a 25 de Abril. À direita radical, PSD e CDS, interessa que se discuta se a ponte é ou não é segura, se as obras começam hoje, amanhã, ou em dia de São Nunca à Tarde sem pôr em risco os milhares que todos os dias cruzam a 25 de Abril, porque enquanto se fala nisso não ficam entalados entre a opinião pública e os interesses das empresas privadas que sempre defendem em prejuízo do erário público. E a isto chama-se meter a carneirada a discutir aquilo que interessa discutir.
[Imagem de autor desconhecido]