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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Mateus 19:14 *

por josé simões, em 15.06.20

 

cristina garcia rodero.jpg

 

 

Por alturas dos 80s, nos verões de Setúbal, era uso haver festivais de cinema e teatro ao ar livre nos claustros do Convento de Jesus, autêntico serviço público de divulgação cultural a preços simbólicos, da uva mijona como sói dizer-se. Nos intervalos e/ ou no final da soirée havia sempre magotes de barbas mal-amanhadas, sapatos pé de pato em camurça e o Jornal das Letras debaixo do braço, eles, de cabelos compridos sem ver pente e pinça de esticar, 'late Janes Joplin', e vestidos indianos, elas, que debatiam interpretações filosóficas e políticas das peças em cena ou das fitas projectadas, para desenjoar o estarem sempre a falar da quão maravilhosa era a MPB, música popular brasileira.

Ouvia-os, eu adolescente, e pensava "wtf?! como é que estes caralhos conseguiram ver esta merda no filme ou na peça que, se falarem com o autor/ realizador, nem o próprio viu e até fica tipo Sá de Miranda, "m' espanto às vezes, outras m' avergonha"? E lá ficavam horas a chatearem-se uns com os outros até à próxima projecção/ representação onde voltava tudo à casa de partida.

Vem isto a propósito da interpretação que leio amiúde na imprensa escrita e nas redes e  de uma dúvida sincera que me atormenta: Marco Fidalgo, autor da estátua do Vieira, padre, retratou os índios como crianças ou aquilo são mesmo crianças índias ou até se os índios quando nascem em terra brasis é já em tamanho adulto?

 

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* "Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas"