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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Marxismo Cultural

por josé simões, em 24.03.21

 

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No É Ou Não É de Carlos Daniel, que na RTP substituiu Prós e Contras de Fátima Campos Ferreira, sem os apartes imbecis e com menos interrupções a despropósito, esta semana subordinado ao tema "Que Estado Devemos Ter", apresentou um painel com Ana Gomes, Assunção Cristas, António Pedro Vasconcelos, Augusto Mateus e Carlos Guimarães Pinto. O BE e o PCP, partidos que defendem uma efectiva intervenção do Estado em todas as áreas, desde a economia à saúde passando pela educação, olímpicamente ignorados.

 

Um partido que nasceu anteontem numa rede social, e que nas últimas legislativas elegeu um deputado, com um representante num programa de televisão, num canal condenado à privatização caso algum dia chegasse a formar governo, com o argumento do "peso do Estado" na comunicação social e da "máquina de propaganda".

 

Um partido que nas últimas legislativas foi remetido para a cauda do Parlamento, e que a fazer fé em todas as sondagens e estudos de opinião vai pura e simplesmente desaparecer nas próximas eleições, com uma ex-ministra representante, que foi perorar sobre e tudo e mais um par de botas menos sobre o que interessava ouvir: o papel do Estado como trampolim e porta giratória público-privado-público para todos os quadros do partido a que pertence.

 

A menos que haja alguma espécie de Jorge Mendes do paineleirismo comentadeiro estas coisas não fazem um mínimo de sentido numa televisão pública. Ou se calhar até fazem, à luz do "marxismo cultural" que, segundo os minons da direita, domina o comentário político televisivo neste país dos sovietes.

 

O mesmo "marxismo cultural" que leva a que tenhamos todos os dias nas televisões fanáticos ideológicos que querem desmantelar o Estado em favor de interesses privados a acusar de "preconceito ideológico" quem defende papel forte do Estado. O mesmo "marxismo cultural" que anda há mais de 30 anos a desinvestir e a retirar competências ao Serviço Nacional de Saúde para depois vir invocar a ausência de resposta e a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde como argumento para o entregar ao privado da saúde negócio. Convenhamos, isto é de génio!

 

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