"Heróis do mar, nobre povo. Vergonha! Vergonha!"
"Vergonha! Vergonha! Vergonha!", o lendário "Deixa arder que o meu pai é bombeiro" substituído por um "Está a arder? Chama os políticos!", mais o hino nacional por dá cá aquela palha, sabem a letra, devem ter aprendido nos jogos da Selecção quando um imigrante brasileiro meteu os portugueses a comprarem bandeiras para as janelas no chinês da esquina, com as cores do avesso e os pagodes de pernas para o ar no lugar dos castelos. Depois dos homens do casse-tête, os homens da mangueira. É o que há, "sign o' the times", como cantava o malogrado. Havia um problema quando um partido com reduzida representação parlamentar levava para as ruas o que não tinha alcançado nas urnas, "instrumentalizava os sindicatos", andou a direita do "sentido de Estado" décadas de dedo estendido a crucificar. Agora está tudo bem, temos movimentos, alegadamente "inorgânicos", com o mesmo parlapié de um partido com expressão parlamentar, e as mesmas palavras de ordem às quais só falta a hastag dos cartazes que aparecem amiúde por aí. Caros, deve haver petróleo na Miguel Lupi. Agora não há nada a apontar, nada para crucificar, são joguetes, de joguetes que dizem à descarada o que os do "sentido de Estado" só se atrevem a pensar em privado. Depois o resto chama-se "incorporar o discurso da extrema-direita". Está dito, está dito. "Heróis do mar, nobre povo. Vergonha! Vergonha!"
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