E se o tão temido populista nascer na frente sindical?
Quando a imunidade do sector privado à greve era um dado adquirido, porque inexistentes, ou residuais e inócuas, num espaço de uma mão de meses temos o país abalado por duas greves com adesões massivas, uma com impacto directo no PIB e nas exportações - estivadores em Setúbal, outra que só pela mediação do Governo não o paralisou totalmente - motoristas de transporte de matérias perigosas, ambas convocadas por dois sindicatos não alinhados nem enquadrados nas duas centrais sindicais, cada qual subordinada a uma agenda delineada fora do sindicalismo e da luta sindical tradicional, a CGTP às deliberações da Soeiro Pereira Gomes, a UGT verbo de encher e para que os sindicatos dos patrões não assinem sozinhos as concertações sociais, as duas incapazes de gerar protestos e reivindicações fora da Função Pública e da administração do Estado. E se o tão temido populista nascer na frente sindical?
[Imagem "Federico Fellini on the set of Satyricon" phorographed by Mary Ellen Mark, 1969]