"É a democracia"
"É a democracia", chamou Marcelo a RTP a Belém para dizer, com uma embalagem de OMO nas mãos, estavam os portugueses a ver o Benfica em Paris pelo streaming da Inácio TV. "Os partidos são livres de discordar do Presidente", mais coisa menos coisa. "Eu não quis dizer que eram poucos os casos, o caso é que o caso mais antigo é de uma pessoa de 90 anos" e quando toda a gente pensava que Marcelo ia invocar o popular "em pequenino não conta", segue o raciocínio depois de pigarrear, "portanto foi há 70 anos". Mais grave a emenda que a emenda. Um fiel de 90 que foi abusado há 70 tinha 20 anos à época do abuso. "Nem abuso de menores foi, estão a ver?" deixou Marcelo insinuado no ar com recurso à Tabuada Ratinho. "Não quis dizer que 400 fossem poucos, ou muitos, esperava muitos mais". Até porque falo ao telefone tu cá tu lá com os encobridores. "Diga-me Vossa Excelência Reverendíssima como é que estamos de temores; os prognósticos? Vai ser o Dilúvio Universal, são milhares, senhor Presidente". Afinal só 400, alguns já morreram, outros morrem de vergonha só de pensar, fica tudo na Paz do Senhor". E a seguir vai comentar o Orçamento do Estado, vai dizer ao Parlamento que deve rever uma lei qualquer, coisa que não é das suas atribuições nem competências e sem que nenhum partido ou deputado lhe diga "bolinha baixa, meta-se no seu canto", vai medalhar uns patetas a eito, vai passar por um acidente rodoviário e inteirar-se dos dos danos, vai fazer um prognóstico qualquer sobre um jogo qualquer, vai patrocinar a descida da Avenida pela Marcha dos Pobrezinhos e o picnicão dos miseráveis, organizado pela vereadora Laurindinha da câmara do incompetente Moedas, que em pequenina gostava de ser o Leitão de Barros quando fosse grande, para se meter a eventos folclóricos, bater muitas palmas ao Senhor Presidente do Conselho e brincar com as pessoas como brincava com as bonecas quando era pequenina. As pessoas não têm sentimentos nem dignidade, tudo pode ser orquestrado e encenado para satisfação do ego ou de outra merda qualquer, até para encobrir. E quando pensavam que se tinham visto livres de Cavaco chega, com os votos de António Costa, Ferro Rodrigues e mais de metade do PS, Marcelo, O Inimputável, e com ele toda a tralha bafienta da direita beata e acéfala, mais os hábitos e as normas do Portugal da Lição de Salazar.